Coluna publicada na edição de 23/6/18 do Correio Popular
A Seleção Brasileira esteve muito perto de amargar um novo empate na Copa do Mundo, tropeço que a deixaria em situação delicada no Grupo E. O ambiente na equipe ficaria muito pesado porque as críticas iriam se multiplicar se a Costa Rica tivesse alcançado seu objetivo de manter o placar em branco na Arena Zenit. Afinal, em caso de empate, ninguém iria reconhecer que Tite fez duas mudanças decisivas para a conquista da vitória por 2 a 0. Ao contrário da estreia diante da Suíça, quando foi previsível e cauteloso, o treinador fez ontem as mudanças certas, na hora certa. A primeira alteração importante foi a entrada de Douglas Costa no lugar de Willian, já no intervalo. O atacante da Juventus, que não foi utilizado na primeira partida, criou uma nova opção de ataque para a equipe, que não conseguia criar nada pelo setor direito. Como a pressão pela esquerda com Marcelo e Neymar se manteve, o Brasil finalmente conseguiu criar desconforto para a retranca adversária. Gabriel Jesus acertou o travessão, Neymar quase marcou em um contra-ataque antes de sofrer um pênalti não marcado pela arbitragem e Navas trabalhou muito, ao contrário de Alisson, que só assistiu ao jogo. O time melhorou, mas a bola não entrava. E então Tite ousou. Trocou Paulinho — um jogador importante que fica sem função em uma partida como a de ontem — por Roberto Firmino. Tite correu um risco necessário. Ousou, o que não fez na estreia. A pressão ficou mais intensa. Navas passou a ter ainda mais trabalho. A bola não saía da intermediária da Costa Rica. As mudanças claramente surtiram efeito, mas o Brasil não conseguia furar o bloqueio. O gol só saiu aos 46’, em lance que contou com a participação de Firmino e Jesus. Ambos tocaram na bola antes de Coutinho mandá-la de bico para as redes. Nos cinco minutos restantes, ficou clara a diferença entre as duas seleções. A derrota por 1 a 0 acabava com as chances da Costa Rica, que precisava de um gol para continuar respirando. Nesse período, em que precisava marcar de qualquer jeito, não conseguiu sequer passar do meio de campo. E, nos mesmos cinco minutos, o Brasil criou uma chance clara e em seguida fez 2 a 0, com Neymar. Foi o quarto gol do atacante em Copas. Ele tem um a menos do que Lionel Messi, um gênio cinco anos mais velho. A Costa Rica só teve uma alternativa, que era se defender com 11 jogadores. O desafio do Brasil era furar essa muralha e Tite tomou decisões corretas para ajudar o time a alcançar o objetivo. Foi no sufoco, mas foi uma vitória. E com participação decisiva de Tite.