A prisão de sete dirigentes da Fifa, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, gerou as mais diversas reações no mundo do futebol. Algumas cínicas, outras muito duras. “Não tenho a menor ideia do que aconteceu... Lógico que não é uma coisa boa, é péssimo para a entidade”, disse Marco Polo del Nero, presidente da CBF e amigão de Marin. “Autoridades da Suíça deram uma batida em um ninho de ratos e prenderam várias autoridades do futebol mundial. Infelizmente não foi a nossa polícia que prendeu, mas alguém tinha que fazer um dia. Então, parabéns ao FBI e à polícia suíça”, comentou o senador Romário, herói do tetra em 1994. “Blatter não está dançando no escritório dele, não é esse tipo de tranquilidade. Ele está muito calmo, vendo o que acontece e cooperando com todos”, afirmou o porta-voz do presidente da Fifa, Josep Blatter, que nesta quarta preferiu não dar as caras. “Os Estados Unidos estão determinados a acabar com a corrupção no mundo do futebol", disse com todas as letras a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch. “O que estranho é isso acontecer exatamente na eleição da Fifa. Existem interesses muito grandes. Os Estados Unidos têm interesse nessa eleição. Acho que não se deve apontar culpados. Eu conheço o Marin há mais de 40 anos e não tem nada debaixo do tapete", comentou um vice-presidente da CBF, Delfim Peixoto. “Hoje (quarta) é um dia triste para o futebol”, concluiu Ali bin al Hussein, adversário de Blatter na eleição da Fifa, na sexta-feira. Discordo de Hussein. Não é um dia triste para o futebol. Talvez não seja um dia tão importante como precisaria ser, mas não há dúvida que foi um passo importante no combate a práticas tão lesivas ao futebol. Desviar milhões de dólares é prática comum e antiga na negociação de grandes contratos do futebol, tanto na organização de eventos como na negociação de milionários contratos de patrocínio e TV. A vítima, como disse um diretor do FBI, é o futebol. Esse dinheiro poderia ser utilizado para o desenvolvimento do esporte em todo o planeta e isso não significa encher os bolsos de outros ratos. Investir no futebol profissional significa gerar empregos. É um modo de impulsionar a economia e melhorar a vida de milhares de pessoas em diversos países. Investir no futebol como instrumento de transformação social significa levar bolas para crianças que hoje usam facas e fuzis. O futebol precisa mudar, mas tenho certeza que ainda estamos longe do ideal. As investigações precisam seguir por muito tempo para que a expressão jogo limpo possa, de verdade, ser aplicada a esse esporte que mexe com a paixão de milhões de pessoas no mundo todo.