MARCOS INHAUSER

A violência no dia a dia

Marcos Inhauser
25/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:41
ig-Inhauser (AAN)

ig-Inhauser (AAN)

Causa-me estranheza que uma rádio de alcance nacional tenha, no final da tarde, um pequeno programa chamado “A Boa Notícia do Dia”. Só posso pensar que todas as outras notícias dadas foram negativas, e que é necessário destacar, entre as misérias veiculadas, ao menos uma que tenha sido positiva. Por outro lado, se por obra da mídia ou não, estamos bombardeados com notícias de violência por toda a parte e de todas as formas. É a violência policial que coloca a brasileira como uma das que mais mata no mundo; a violência doméstica com vários casos de execução por envenenamento ou assassinato de todos os membros da família; a doméstica que produz escândalos de gritaria e brigas para que toda a vizinhança saiba; a do trânsito onde uma involuntária fechada é revidada com um tiro; a dos homens bomba se matando e matando a dezenas; a política que indiscriminadamente mata inocentes como no recente caso do shopping no Quênia; a das armas químicas na Síria etc. No meio deste cipoal, vem a violência imperial da espionagem indiscriminada; a corrupção generalizada; a violência dos impostos escorchantes; a das filas nos postos de saúde e hospitais; a da falta de médicos e remédios; a das eleições compradas a peso de ouro; os superfaturamentos dos estádios etc. No meio disto tudo, ainda tem que proponha mais violência para acabar com ela. É dar veneno como antídoto ao envenenado. Para acabar com a violência na Síria, o império propõe um bombardeio seletivo, ao estilo dos que já fez com enormes danos colaterais (eufemismo para morte de inocentes), é matar o Hassan Hussein e o Kadaf para perpetuar a violência que já estava estabelecida. Quem vem com este tipo de propostas são as nações que se sentem polícia do mundo e que não conseguem reprimir a violência no próprio país, como é o caso do atentado de Boston, dos massacres em escolas e agora até dentro de quartel. Para nos acostumarmos a ela temos os programas do Datena e o seu Brasil Urgente, e a Record com seu Cidade Alerta, para ficar nos dois mais expressivos. Por outro lado, para que haja mais Ibope, os jornais televisivos também têm carregados as tintas no noticiário policial e violento.Repito aqui um lema tomado de empréstimo de Victor Heredia em seu poema Sobreviviendo: “Me preguntaron como vivía, me preguntaron'Sobreviviendo' dije, 'sobreviviendo'.tengo un poema escrito más de mil veces,en él repito siempre que mientras alguienproponga muerte sobre esta tierray se fabriquen armas para la guerra,yo pisaré estos campos sobreviviendo.

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