ZEZA AMARAL

A vida que vivi

03/04/2014 às 05:00.
Atualizado em 27/04/2022 às 01:04

Jango Goulart foi um coronel gaúcho e todos os seus êmulos também eram coronéis de suas estrebarias políticas, e de casernas. Todos com muito poder e de pouca serventia democrática. Comissão da Verdade, teses de doutorado e reportagens sobre o assunto não significam nada se as penas que buscam escrever a história do golpe de 64 não deixarem de lado o romantismo piegas, o oportunismo acadêmico ou a militância ideológica.E onde estavam todos eles quando os milicos deram o golpe de 64? Chico Buarque ainda não existia como compositor. Nem Caetano, nem Gil, nem Geraldo Vandré, apenas para ficar nos mais “famosos” contestadores e ídolos dos comentaristas acadêmicos de hoje. Nada do que era humano era desconhecido, como bem escreveu o poeta Terêncio. E o tempo lhe haveria de dar razão, e desencantos.O Brasil não parou com o golpe de 64 e seguiu cantando, bebendo e dançando até o AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968. Um dos que então assassinou a democracia foi Delfim Neto, hoje um aliado e assessor político do ex-presidente Lulla da Sillva. Tancredo Neves, Orestes Quércia, Ulisses Guimarães, Teotônio Vilela e Severo Gomes (apenas para ficar nos mais “notáveis” de então) e todo o conselho editorial da imprensa brasileira, mais os grandes empresários do País, que, no início, apoiaram o golpe militar se insurgiram contra o fim do pouco que restara da Constituição violentada em 64.Eu era jovem e ninguém me ajudou a entender o que estava acontecendo. Virei comunista sem saber que o comunismo havia matado mais de cem milhões de pessoas na União Soviética, China e Cuba. Hoje digo isso para jovens comunistas e eles não entendem que estão mantendo acesa a chama exterminadora de assassinos como Stalin, Mao e Fidel Castro.Hoje, sou execrado por petistas, comunistas, psolistas e aceito com reservas por tucanos e outros militantes de partidos de direita, de centro, de esquina, ou de periferias morais controversas. Não me importo. Sou testemunha do meu próprio tempo até o dia da minha velha vida, o que está prestes a acontecer. Não temo a morte. E tampouco tenho medo dessas raposas políticas com as quais tenho convivido ao longo do meu tempo, José Sarney, por exemplo, que ainda continua dando as cartas políticas para Dilma Rousseff jogar segundo as suas regras.Já disse aqui que a Era Lula não acabou. Errei. A Era Sarney não acabou. Ele ainda representa o coronelismo empresarial do País, o presidente do clube que define quem vai ganhar tal licitação, quem vai ficar com o butim da Petrobras, quem vai ganhar as centenas de milhões na infraestrutura de nossas estradas federais ou dividir os 10 bilhões de reais roubados pela quadrilha do Lava Jato, cujo maior acusado é Paulo Roberto Costa, que, com Nestor Cerveró convenceu a Petrobras a comprar a refinaria de Pasadena por 1,2 bilhão de dólares quando, de fato, a mesma não valia mais do que 50 milhões de dólares. Dilma Rousseff era presidente da comissão da Petrobras que aprovou a compra, em 2006. Ela agora diz que foi enganada pelo relatório de Miguel Cerveró, o mesmo que ela elogiara pela transação na época.Dilma Rousseff conseguiu falir uma lojinha de 1,99, de nome fantasia Pão & Circo, em Porto Alegre.Dilma bate na mesa. Dilma fala grosso com subalternos. Dilma cobra de assessores uma competência que não tem e, é claro, não delega. É um escracho administrativo. É uma vergonha política para os brasileiros que honram a democracia e o decoro constitucional. Dilma é apenas um poste com uma lâmpada queimada na rua da democracia dos lares brasileiros. Não diz coisa com coisa e nem compreende que o Brasil não é a Venezuela com a qual sonha Lulla da Sillva, o caçador dos marajás imperialistas. Lulla virou Collor e vice-versa. Vivem um sonho de poder e tampouco sabem que isso é um pesadelo para 190 milhões de brasileiros.Enquanto isso, românticos universitários da Unicamp se movimentam para trocar a denominação das vilas Costa e Silva, 31 de Março e Castelo Branco, tudo em nome de uma Comissão da Verdade que tem origem ideológica e revanchista, politicamente ignorante por natureza democrática. Por mim, tais denominações ficam para que nunca esqueçamos o que elas fizeram com a Constituição do nosso País. E, por favor, rasguem suas camisetas estampadas com a foto do Guevara: ele apenas foi um assassino progressista e politicamente correto para os dias de hoje. É isso.Bom dia.

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