JOGO RÁPIDO

A triste despedida de Rodrigo

Coluna publicada na edição de 28/11/17 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
28/11/2017 às 00:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 01:27

A frase mais utilizada por jogadores e treinadores após uma derrota provocada por falha individual é a seguinte: “Quando o time ganha, todos ganham. Quando perde, todos perdem.” O objetivo de quem utiliza essa frase é proteger o atleta que cometeu um erro com grande influência no placar. O raciocínio é coerente. Falhas acontecem e, em esportes coletivos, precisam ser divididas com companheiros. Assim como todos se beneficiam de grandes jogadas de um craque, todos precisam dividir os eventuais erros de um jogador, que muitas vezes é o próprio craque. A história do futebol está recheada de exemplos assim. Mas esse conceito não se aplica a todas situações. Em alguns casos, o atleta comete um erro (e não uma falha técnica) tão grotesco que elimina o sentimento de que todos perderam juntos. Foi o caso da expulsão de Rodrigo, responsável direto pela derrota da Ponte Preta para o Vitória. A Macaca teve um início de jogo arrasador. Apesar da pressão a que estava submetida, entrou em campo com muita determinação. Fez 2 a 0 rapidamente e inflamou a torcida. Nocauteou o Vitória. Naquele momento, o único pensamento de todos os pontepretanos que estavam no Majestoso era a possibilidade de golear o adversário e melhorar o saldo de gols, critério que seria importantíssimo na disputa direta com o Sport na rodada final. Esse era, ou ao menos deveria ser, o pensamento de todos os pontepretanos. O de Rodrigo foi diferente. Provocar atacantes é uma das tarefas mais comuns na vida de um zagueiro. Dentro da área, defensores e artilheiros trocam ofensas e empurrões com frequência. A questão é que Rodrigo tentou irritar Tréllez de forma insistente quando não havia a menor necessidade. Todos os jogadores do Vitória já estavam desequilibrados pelo início fulminante do time e o entusiasmo da torcida. O jogo estava definido e a Macaca tinha todas condições de viajar para o Rio de Janeiro com chances de se manter na Série A. Rodrigo mudou esse cenário. Com uma expulsão tola, inacreditável para um atleta de tamanha experiência, ele recolocou o Vitória na partida. Levou esperança a quem estava conformado com a derrota. E levou dificuldades a quem tinha certeza do triunfo. Rodrigo perdeu o jogo sozinho. Ninguém é rebaixado por causa de uma falha em um campeonato de 38 rodadas. A Ponte, dentro e fora de campo, errou muito durante o campeonato. E isso será assunto para as próximas colunas. Mas é incrível que suas chances de escapar tenham se esgotado em um jogo no qual teve o melhor início possível. Durante todo o campeonato, a Macaca só conseguiu abrir uma vantagem de 2 a 0 no primeiro tempo nas rodadas 1 e 6. Em ambas, saiu de campo com os três pontos diante de Sport e Chapecoense. A chance de vencer também o Vitória e seguir com chances de se manter na elite era enorme até Rodrigo ter a ideia de provocar um adversário com uma dedada. Flagrado pela arbitragem, foi expulso e criou condições para a reação do adversário. Rodrigo prejudicou todos seus companheiros e perdeu o jogo sozinho. Ele se despede do clube que o revelou com uma atitude muito pouco inteligente do ponto de vista esportivo. A diretoria e a torcida devem valorizar a postura de atletas como Luan Peres e Danilo, que demonstraram toda sua indignação com a expulsão de Rodrigo no gramado, quando a Ponte vencia por 2 a 0 e ninguém sabia o que estava por vir. Foi uma demonstração de comprometimento de ambos. Comprometimento que faltou ao atleta que Eduardo Baptista escolheu para ser o capitão do time.

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