Editorial

A tragédia não pode se repetir

Correio Popular
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01/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:47

Foi preciso uma tragédia de proporções épicas para que as autoridades acendessem uma luz na penumbra das casas noturnas de todo o País. E o que se viu não agradou nem um pouco: um grande descaso com vidas. O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que tirou a vida de 239 pessoas, em sua maioria universitários, ainda comove o mundo pela sua crueldade. Jovens, em plena capacidade produtiva, tiveram seus sonhos abortados de forma impiedosa. A tragédia, que completou um mês anteontem, é difícil de aceitar. Pais e amigos foram às ruas de Santa Maria homenagear os mortos com um minuto de barulho, mas que foram transformados em 15 minutos de palmas, acompanhados pelo badalar dos sinos de todas as igrejas da cidade e buzinaços de motoristas. Uma imagem comovente. O tradicional minuto de silêncio foi transformado em minuto de barulho, para lembrar a fase alegre da vida das vítimas, e também alertar as autoridades para que a sucessão de falhas que provocou o incêndio não se repita pelo País.

Somente a partir dessa tragédia é que uma luz vermelha acendeu no País e de imediato casas noturnas passaram a ser fiscalizadas. Em um mês, a Prefeitura de Campinas vistoriou 82 estabelecimentos, e desses, 30 foram notificados a suspender suas atividades por não cumprirem o mínimo de segurança, e outros 12 ainda precisam passar por mais uma vistoria para atender com segurança seus clientes. Ou seja, mais da metade dos estabelecimentos de lazer de Campinas poderia se transformar, em instantes, em cinzas. É assustador. E aí vem a pergunta incisiva: por que essas casas noturnas, sem condições de segurança, operavam livremente? É preciso, sempre, que centenas de pessoas percam suas vidas para que autoridades e empresários tomem alguma atitude? Infelizmente, a resposta é sim. Pois muitas delas operavam sem atender as mínimas condições de segurança, mas com licenças emitidas pelos órgãos competentes. Outras, não tinham nenhuma autorização e também funcionavam livremente. Apenas um pequeno número estava regularizado.

Assim como Santa Maria, Campinas é uma cidade universitária. Milhares de jovens buscam as casas noturnas para lazer. Temos todos os indicadores para não repetir a tragédia de Santa Maria. Agora, cabe a nós, cidadãos, exigir das autoridades e dos empresários responsáveis que as regras de segurança sejam efetivamente cumpridas. Por nossas vidas.

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