JOGO RÁPIDO

A sensação que o futebol precisa combater

Coluna publicada na edição de 6/3/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
06/03/2018 às 00:00.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:17

Nona rodada do Paulistão: aos 15’ do 2º tempo do jogo Corinthians 2 x 0 Palmeiras, o goleiro Jailson tenta evitar uma finalização do meia René Júnior e, na dividida, dá uma solada na coxa do adversário. O árbitro Raphael Claus dá sequência à jogada, mas, cerca de dez segundos depois, marca um pênalti e expulsa o goleiro palmeirense por uma infração que ele sequer tinha visto. Décima rodada do Paulistão: aos 45’ do 2º tempo do jogo Santos 1 x 1 Corinthians, o zagueiro Balbuena dá um carrinho no meia Léo Cittadini dentro da área. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira mostra cartão amarelo para o corintiano, mas marca apenas falta, fora da área. Ninguém avisou Luiz Flávio que ele cometeu um erro grave. A proximidade entre os clássicos e o fato de o Corinthians ter sido beneficiado nas duas situações deram origem a muitas reclamações, memes e infinitas citações a mais uma intervenção do “apito amigo”. A coluna não segue essa linha. Parto do princípio de que nos dois jogos a equipe de arbitragem trabalhou com lisura. O debate proveitoso nesse caso é descobrir o que é necessário fazer para melhorar a arbitragem e, igualmente importante, impedir que essa sensação de armação contamine o futebol. Apesar dos inúmeros relatos de que o quarto árbitro avisou Raphael Claus sobre o pênalti, isso não aconteceu. Claus contou que marcou o pênalti depois de ver as marcas da chuteira do palmeirense na perna do corintiano. Isso faz sentido, já que imagens da TV mostram buracos jorrando sangue na coxa de Renê Júnior. Se não houve interferência externa, o que é proibido, não ocorreu nada de errado nesse jogo. Domingo, no Pacaembu, Luiz Flávio de Oliveira cometeu um erro grave, que teve influência no resultado. A falta ocorreu claramente dentro da área, algo que podemos notar ao ver a intensidade das reclamações e o inconformismo dos jogadores da equipe da casa. Novamente, não houve interferência externa, o que não é permitido. O que a CBF, as federações e os clubes precisam fazer é adotar o uso do recurso eletrônico. A tecnologia poderia dar a Claus a certeza de que tomou a decisão correta ao ver os buracos na coxa de Renê Júnior. Da mesma forma, Luiz Flávio teria a oportunidade de corrigir sua marcação equivocada no final do clássico. O recurso de vídeo não é perfeito ou infalível. Mas é muito melhor do que o sistema atual, que com frequência gera erros graves e nos passa a péssima sensação de que alguns clubes são deliberadamente beneficiados pela arbitragem.

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