ZEZA AMARAL

A seleção e o museu

Zeza Amaral
12/05/2014 às 22:50.
Atualizado em 24/04/2022 às 12:05

O gostoso do futebol é que os cartolas planejam uma coisa e o resultado é outro: Ituano campeão paulista de 2014. Dinheiro é bom e todo mundo gosta, até mesmo os anticapitalistas de plantão, os pernetas intelectuais do esquerdismo de plantão, timeco formado por zagueiros de açougue clandestino que só sabem cortar uma jogada dando um facão na perna do atacante adversário, assim como deceparam seus ascendentes bolchevistas, os melhores pensadores russos.Misturei alhos com bugalhos? Sei não. Futebol virou uma salada de patrocinadores, de produtos, de creme de barbear a tirador de chulé, e bola na rede que é bom, e todo mundo gosta, só acontece quando um meia-armador dá um giro de 180 graus e enfia uma bola no meio de três zagueiros e a deixa pronta para o certeiro chute do atacante. O raro leitor já percebeu que estou falando do Paulo Henrique Ganso e Luís Fabiano, no gol de empate são-paulino contra o Corinthians e toda a imprensa brasileira. Um gol que vazou a melhor defesa de qualquer campeonato do planeta e que agregou (detesto esta palavra) um componente emocional à seleção canarinho e à Copa do Mundo que vem aí. Ganso e Luís Fabiano (e aqui concordo com o comentarista Neto, que o considera o melhor centroavante brasileiro) farão falta no banco de reservas da família Felipão. O campeonato é curto (sete partidas) e vamos precisar de um armador tranquilo e um centroavante impetuoso para virar um placar adverso. E os caras são Ganso e Luís Fabiano.Entrei na Copa do Mundo. E já nem quero discutir se haverá legado pra isso, pra aquilo, se aeroportos vão funcionar, se a tal mobilidade urbana vai funcionar, que tudo isso é conversa mole do lullopetismo e futebol é outra coisa. Depois da Copa, Brasil campeão ou derrotado, vamos cuidar da grana investida para um circo que já enriqueceu alguns poucos empresários e doleiros, e tratar da vida que nos é dada a viver e tentar melhorá-la nas urnas presidenciais de outubro.É o jogo da vida. Alguns armam uma retranca covarde e outros um ataque suicida. Eu ainda sigo a velha tática de que o ataque é a melhor defesa. E a seleção do Felipão não é uma coisa e nem outra. Apenas um amontoado de boleiros que entrarão em campo para proteger a imagem de seus patrocinadores. É o que eu entendo por esse futebol moderno que andam dizendo por aí. E seleção é que nem Museu: tem que ter uma boa reserva técnica: ou isso ou vai ter que exibir sempre mais do mesmo. É isso.

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