Opinião

A saúde está doente

E a população está vivendo com ajuda de aparelhos

Bianca Pissardo
19/10/2012 às 13:03.
Atualizado em 26/04/2022 às 20:17

Seria “chover no molhado” dizer que a saúde no Brasil deixa a desejar se falássemos somente sobre o SUS e Hospitais Públicos. Mas a precariedade tem se estendido também àquelas pessoas que gastam em média 200 reais por mês em planos de saúde.

Servidor público da saúde faz greve.

Médicos conveniados também.

De um lado um plano de governo que não faz a distribuição correta das verbas e deixa os hospitais em estado lastimável. Médicos que fazem “jornada tripla” para conseguir um salário satisfatório; outros que burlam o SUS fingindo que vão trabalhar enquanto as filas só aumentam e pessoas morrem, muitas vezes.

De outro lado planos de saúde que ganham muito e repassam pouco.

Cirurgias que rendem no fim do mês para o médico pouco mais de cem reais.

A saúde está doente e a população está respirando por aparelhos.

As filas de espera de meses por uma consulta, mais outros tantos para o retorno.

Se é caso de vida ou morte, é melhor preparar a coroa de flores.

É triste, mas é verdade.

Isso quando não, o paciente chega com alguns sintomas e no posto de saúde alguns profissionais “chutam” que é intolerância a lactose, quando na verdade é um câncer de intestino.

Um retorno, já com os exames prontos, hoje, demora mais de um mês

“Moça, não tem uma data antes? Estou preocupado com o resultado.”

-”Não, desculpe”.

Ou ainda:

“Por favor, gostaria de marcar uma consulta.”

“O senhor já é paciente? Qual o seu plano de saúde?”

“Não sou paciente ainda e meu plano de saúde é o X.”

“Desculpe senhor, o Dr. Y não atende novos pacientes do plano de saúde X.”

Tanto aqueles que pagam impostos, quanto aqueles que pagam impostos mais planos de saúde particulares estão reféns da boa vontade de uma minoria.

A parte boa disso tudo é que em Campinas temos a Unicamp, um centro respeitado que recebe gente de todo o Brasil para tratamentos e transplantes, e apesar da deficiência muitas vezes do atendimento e a demora, o cuidado é de primeiro mundo.

Mas ainda temos muito o que exigir quando o assunto é saúde. Muito imposto é pago e muito se fala em planos de governo voltados para a melhoria na saúde pública, inclusive em épocas de eleição. Mas a realidade pode ser vista nas filas de espera ou através de notícias de pessoas que morrem por imperícia e falta de estrutura.

Seria fácil culpar somente os profissionais da saúde, mas isso seria ver e tentar consertar a casa a partir do telhado, quando o necessário é ver a estrutura do sistema – governamental e privado.

A gente não pede muito.

A gente só pede para que nosso dinheiro seja investido em nós da forma adequada.

Quando elegemos um governante, ele é nosso funcionário e o mínimo que ele deve fazer é lutar pelo bem comum.

Se em estabelecimentos públicos encontramos placas dizendo “desacato a funcionário público é crime de acordo com art. 331 do Código Penal”, qual a lei que nos respalda de desacatos constantes e diários; das longas esperas para um exame de sangue, a maca no corredor, as pessoas que esperam, as que são negligenciadas e por fim, as que morrem?

E é com a ajuda de aparelhos que continuamos a viver, e é através de um aparelho com três botões um branco, outro laranja e o último verde que podemos fazer a diferença. Para esse aparelho damos o nome de “urna eletrônica”.

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