Dia desses, olhando o face book, me deparei com uma postagem do meu amigo jornalista, escritor, professor e mais umas 75 coisas, Luis Roberto Saviani Rei. Nela, com pose de Rui Chapéu, aparecia semi debruçado a uma mesa de bilhar, de feltro vermelho, empunhando valentemente um taco. Ora, como tenho também uma mesa, esta de feltro azul, resolvi convidar meu amigo para uma partida, onde pudéssemos demonstrar todas as facetas do nosso talento. A resposta foi que talento não havia nenhum e que só existia a pose. A coisa acabou ficando por aí. Despertou, entretanto, em mim uma enorme vontade de escrever sobre minha sala de jogos. O nome é pomposo, mas, tem sua razão de ser. Quando ia comprar minha casa e estava examinando pela primeira vez, ao abrir uma porta de vidro, dei de cara com um terraço descoberto que, além do aquecedor a gás, nada mais tinha de útil. O sol batia forte e a área de 40 metros quadrados não tinha função. Assim que a vi, uma velha ideia, que me acompanhava desde a adolescência, aflorou e eu disse pra Violeta:_ vou fazer aqui minha sala de jogos! Ela me olhou, não disse nada porque sabia que não ia adiantar e esperou. Comprei realmente a casa e pus-me a executar a empreitada. Levantei um pouco a mureta que dá para o quintal, cobri com telha galvanizada sanduíche, envidracei toda a extensão, acarpetei o piso e eis-me possuidor de um espaço altamente promissor. Quando falei de uma ideia que me acompanhava, me refiro a um filme que vi há milhares de anos, onde aparecia uma sala magnífica com uma mesa de bilhar com feltro azul. Como só tinha visto mesas de feltro verde, o azul me impressionou e virou ideia fixa. Como vale a pena sonhar! Quando se sonha com intensidade a impressão que se tem é que a realização do sonho caminha em nossa direção! Ao me ver de posse do espaço, a primeira providência foi a mesa de bilhar, naturalmente de feltro azul! Esquecia-me de dizer que as paredes foram pintadas de azul índigo, para contrastar com o teto e as persianas pretos e o carpete cinza. Quando a mesa chegou, me senti no céu! Chegou junto a mesa de carteado, também azul e a sala começou a tomar corpo. O tabuleiro de xadrez, o jogo de gamão que veio de Natal, presente de Jorge Romano, o jogo de dardos... Não parou por aí. Além de sala de jogos, passou a ser também sala de música. Lá estão meus violões, o bandolim verde, o acordeon, a vitrola que trouxe de Nova York e toca até cassete, meus milhares de vinis e fitas. A sala é realmente musical. Como comigo nada é muito simples, forrei as paredes com placas que comprei em vários lugares do mundo e fiz o nicho pra colocar os copos trazidos dos mais diferentes países. As miniaturas de carros também estão lá, com lugar de destaque para o Camaro que comprei na Chevrolet, em Detroit e para o Impala e o Mustang, de Old Town, em Kissmee. Um sofá de couro preto, uma geladeira cervejeira, a televisão na parede e o ar condicionado completam o sonho! A luminária tripla sobre a mesa e as lâmpadas cor de âmbar conferem ao ambiente uma atmosfera singular, diferente de tudo. Você, meu leitor, pode perfeitamente se perguntar: mas, o que eu tenho a ver com o fato desse sujeito ter ou não uma sala de jogos? Absolutamente nada, é verdade! A única razão de ter escrito esta crônica foi para dizer que vale a pena perseguir o sonho! Jamais desistir dele! Quem desiste de sonhar, praticamente desiste de viver... Apesar de toda a passagem do tempo, dos percalços, que todos os tem, continuo sonhador! Continuo com meus planos e projetos e, na medida do possível, envolvo neles quem está a meu lado! A nossa vida é muito melhor quando é compartilhada, quando segue de mãos dadas com a vida de quem se ama... Em tempo: Vida longa ao Rei! Parabéns, Pelé!!! José Roberto Martins é professor, jornalista e membro da Academia Campinense de Letras (ACL).