"A que situação o Guarani chegou?"

No 2º tempo do jogo entre Santa Rita e Guarani, um auxiliar saiu do banco do time alagoano para levar água a um jogador da equipe, que àquela altura vencia por 2 a 0. Na volta, parou ao lado de alguns fotógrafos, olhou um pouco para o campo e comentou: “Nossa! A que situação o Guarani chegou? Zenon, Careca...” Em seguida, voltou para o banco, de onde acompanhou o restante da partida. Partida na qual o Santa Rita conquistou sua classificação para a segunda fase da Copa do Brasil, eliminando o “favorito” Guarani.A cada ano que passa, o termo “favorito” se distancia mais e mais do Guarani. Em seus últimos 100 jogos, obteve 23 vitórias e 32 empates e sofreu 45 derrotas. Marcou 95 gols e sofreu 133.São números muito ruins, que na verdade são piores do que aparentam. Afinal, em muitas dessas 100 partidas, o Bugre enfrentou adversários de pouca expressão no cenário nacional.Afinal, nesse período o time foi rebaixado para a Série C, fez a pior campanha de sua história no Paulistão, não conseguiu se classificar para a segunda fase da Série C, teve que se preocupar com rebaixamento na Série A2 e foi eliminado, por dois anos consecutivos, na primeira fase da Copa do Brasil. No ano passado, caiu diante do Confiança (SE). Agora, foi batido pelo Santa Rita (AL).É fracasso demais, de um time incapaz até mesmo de fazer o mínimo que se espera dele, como escrevi na coluna de quarta-feira. O Guarani tem enorme dificuldade para vencer qualquer adversário. Nos últimos 100 jogos, ganhou uma vez a cada 4,3 partidas. Recentemente, esse aproveitamento piorou. Em seus últimos 28 jogos (contra Santa Rita e times da A2 e Série C), venceu apenas cinco. A média é de um triunfo a cada 5,6 apresentações.É uma performance vergonhosa para qualquer equipe profissional. Para uma equipe que carrega uma história com o tamanho da do Guarani, a vergonha é tão grande que surpreende até o cidadão que leva garrafas de água para jogadores do Santa Rita.Até quando o Guarani vai se sujeitar a isso? Até quando vai insistir na fórmula padrão para o fracasso, que une a contratação de jogadores e profissionais de pouca qualidade e o atraso no pagamento de salários.O Guarani precisa dos recursos de um bilionário russo para voltar a ser o que foi na época de Zenon e Careca. Mas, para ser competitivo em campeonatos como a Série A2 e a Série C, só precisa ser um pouquinho competente no campo, no marketing e na administração. E precisa, também, se indignar com tantas derrotas. Às vezes, tenho a impressão que ninguém no Brinco de Ouro se pergunta: “A que situação o Guarani chegou?”