A Quaresma do serviço

A Quaresma se torna uma ocasião singular, para que os cristãos se preparem para celebrar a Páscoa, passagem da morte à vida, em Cristo. Por meio da Campanha da Fraternidade cujo tema deste ano é “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir” ( cf.Mt 10,45), faz-se a grande convocação, a fim de que se verifiquem as formas de dialogar com a realidade, sem que se perca o fio condutor da fé traduzida em atitudes concretas em favor do bem, da vida, da ética e da solidariedade. O Tempo da Quaresma, iniciado na Quarta-Feira de Cinzas, como sinal de humildade, de abertura à graça e à misericórdia de Deus, faz memória dos quarenta anos que o povo de Deus andou pelo deserto no Antigo Testamento, dos quarenta dias que Jesus jejuou no deserto (cf. Mt 4,2). Nesse período, associam-se os sofrimentos da humanidade ao do Servo Sofredor (Jesus) para estar com Ele também na Sua glória e na Sua vitória (cf. Jo 11,25; I Cor 15,21). Depois de cada dor, brota sempre uma esperança. A flor amassada também perfuma. Eis o destino dos que acreditam na força do bem, pregada pelo Ressuscitado, Bom Pastor. A Páscoa se torna a grande novidade que quer encher os corações da certeza da vida que não é tirada, mas transformada. Sempre é tempo de recomeçar, o presente da vida se torna o momento de se voltar aos caminhos do Senhor (cf. Sl 27, 11). A esmola, o jejum e a oração se tornam os meios, para que se quebre a rotina do caminhar percorrido e que se proponha a algo novo, que irá desabrochar no tempo da aceitação das virtudes e dos limites de cada um, dando espaço para a graça habitar e fazer enxergar novas configurações. Portanto, ao longo desse período quaresmal, que se mude o habitual, dando espaço à meditação da Palavra de Deus, a perceber quais os caminhos tortuosos que, com a força que vem Dele, se quer aplainar na esfera pessoal e nas relações. Muito mais do que as sombras, a luz do Bem Maior se mostra na Igreja disposta a ser no mundo sinal de amor-serviço, contando com todos os que desejam dias sem balas perdidas, sem extremismos, com respeito à pessoa humana e à natureza. Que esperam dias em que a política passe a ser executada como forma de servir o bem comum e não de usurpação. Boa Quaresma a todos!