Editorial

A profissional de saúde e sua vocação

Correio do Leitor
16/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:28

Entra ano sai ano, a Prefeitura de Campinas anuncia a abertura de concursos públicos para a contratação de médicos com o intuito de suprir a falta desses profissionais na rede pública de saúde. Aparentemente, a tarefa tem se mostrado inglória, já que nunca a totalidade das vagas abertas são preenchidas. Um novo concurso para a contratação de mais 243 médicos acaba de ser aberto.

Um dos grandes obstáculos é encontrar profissionais dispostos a trabalhar nas unidades mais afastadas da região central da cidade, justamente onde a desassistência é maior. A violência que cerca as regiões mais afastadas também afasta os pretendentes. Para convencer os profissionais a disponibilizarem seus serviços nessas unidades, a Prefeitura criou, há alguns anos, uma diferenciação salarial. Ganha mais quem trabalha mais distante do Centro.

Mesmo assim, no computo geral, a Administração municipal não consegue concorrer com os vencimentos oferecidos no setor privado.

A nova geração de profissionais de medicina está mais interessada em ter um reconhecimento justo pelos anos de estudo e pela importância da sua profissão. Também quer trabalhar em um local que lhe ofereça condições plenas de exercer sua profissão, e, assim, atender de forma adequada seus pacientes. E nem sempre é possível encontrar essa infraestrutura na rede pública. As queixas vão desde a falta de instrumentos básicos, medicação e apoio material e humano. Ao final, essa conta quem paga mesmo é o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), que espera por horas por um atendimento, nem sempre decente.

É evidente que trabalhar no sistema público de saúde requer do médico uma atitude voltada para esse segmento da população, desprovida de interesses maiores senão atender a quem necessita e não tem condições de buscar ajuda na iniciativa privada. No entanto, nem todos os profissionais de saúde têm essa motivação.

O momento crítico porque passa o sistema de saúde da nossa cidade — acentuado pelo fim do convênio com o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira — também requer a solidariedade da classe médica, e a atenção da Prefeitura para uma solução definitiva para esse impasse, mesmo que ele tenha sido herdado das administrações anteriores. A população já passou do limite do sofrimento em busca de proteger seu bem mais precioso, que é a saúde.

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