Com quase 60 mil confirmados na manifestação contra tarifa de ônibus programada para amanhã em Campinas, o governo do prefeito Jonas Donizette (PSB) se organiza. Os primeiros a ficar de prontidão foram a Polícia Militar e a Guarda Municipal, que tiveram suas folgas canceladas. O Executivo informou que o efetivo da polícia e da GM servirá apenas para “acompanhar” os manifestantes e não haverá truculência. Integrantes do PSB dizem que o partido é socialista e não reprime.
Jonas cancelou uma viagem que faria amanhã ao Rio de Janeiro, onde encontraria o prefeito da capital carioca, Eduardo Paes (PMDB), para ficar em Campinas durante o protesto. Paes também não está com muito tempo para a recepção já que as manifestações se intensificam na cidade. Não se sabe ainda se o peessebista estará no Palácio dos Jequitibás na hora prevista para o início da manifestação.
De portas abertas
Os homens de confiança do chefe do Executivo garantem que caso seja montada uma comissão de negociação por parte dos manifestantes, o prefeito vai recebê-los e avaliar as propostas. A coluna apurou que o prefeito fez reuniões entre segunda e terça-feira com seu secretariado para preparar as ações em relação aos protestos. Mas que na prática, a negociação sobre a tarifa do transporte público é tema difícil e o Executivo não acredita em um valor menor.
Mais forte!
A presidente Dilma Rousseff, um dia depois do protesto que levou para as ruas do País cerca de 250 mil pessoas, disse que “o Brasil acordou mais forte. A grandeza das manifestações comprovam a energia da nossa democracia”. Mas integrantes do seu governo dizem que ainda tentam entender as manifestações.
Diálogo
O que falta agora é estabelecer o diálogo. Os manifestantes têm objetivos e carregam cartazes que estampam suas vontades. Dizer que ainda não entendeu qual o real motivo que levou uma multidão para as ruas só vai complicar a situação de todos os governos. A solução é estudar o que pode ser melhorado na Sáude, na Educação e no Transporte e fazer sair do papel.
Legislativo
A situação pode até estar mais complicada para os prefeitos. Mas os legisladores do Brasil não escaparam dos protestos. A PEC 37, que retira o poder de investigação do Ministério Público (MP), que tem previsão de votação na Câmara no próximo dia 26, esteve presente na pauta dos manifestantes, assim como a presença do deputado Marco Feliciano (PSC) na presidência da Comissão de Direitos Humanos. Feliciano conseguiu ontem aprovar na comissão seu projeto que institui a “cura gay”.
É preciso ouvir
E já faz tempo que a população tem criticado a presença de Feliciano na comissão e se mostrado contrária à PEC 37. Mas o que se vê por parte da grande maioria dos deputados é uma atitude de “autonomia” em relação a seus atos, sem uma necessidade de ouvir ou prestar contas a quem os elegeu.
Pé frio
Durante assinatura do Protocolo de Intenções para a realização de estudos de saneamento ambiental em Viracopos ontem, o prefeito Jonas se mostrou otimista em relação ao futuro do aeroporto, que deve se tornar o maior da América Latina, e elogiou a localização do terminal. “Está em um ponto onde não há problemas de fechamento por causa do mau tempo, como acontece em outros terminais.” Curiosamente, ontem Viracopos ficou fechado durante duas horas por causa da neblina. No último dia 14, pousos e decolagens foram suspensos por causa de um nevoeiro.
COLABOROU FELIPE TONON/AAN.