A Ponte precisa de ação e equilíbrio

A Ponte Preta vinha de quatro derrotas seguidas e em duas delas, para Cruzeiro e Grêmio, mostrou um futebol pobre. Na quinta derrota, porém, conseguiu fazer uma apresentação muito pior do que as anteriores. Os jogadores da Ponte cansaram de perder divididas e rebotes e foram batidos em inúmeras jogadas de velocidade. A facilidade que os jogadores da Lusa encontraram nos duelos mano a mano foi constrangedora.Enfim, foi um jogo entre um time ameaçado de rebaixamento que estava a fim de vencer e um time ameaçado de rebaixamento que parecia não se importar com a derrota que, desde o início, parecia certa. Uma atuação muito preocupante porque é difícil imaginar o que Jorginho terá de fazer para dar à Ponte o mínimo da competitividade necessária para disputar a Série A.Aos 42' da etapa final, a Ponte Preta teve um tiro de meta a seu favor e notei que Roberto correu para repor a bola o quanto antes. Na hora, pensei que pelo menos ele não tinha se entregado à situação do time na partida. Minutos depois, o goleiro deu uma entrevista devastadora. Disse que alguns companheiros estavam andando em campo e que, depois de pedir empenho a um deles, ouviu um "fica quieto" como resposta.Ficou claro, durante os 90 minutos, que a equipe atuou com inadmissível desinteresse. Mas se um jogador vem a público e expõe uma situação que normalmente é discutida apenas no vestiário, então é sinal de que a situação saiu de controle. A diretoria e a comissão técnica precisam agir, cobrar o elenco e dar uma resposta à torcida.A Ponte não pode entrar em campo sábado com a mesma apatia. Diante de um adversário com a qualidade do Inter, será massacrada. Jorginho não tem como dar padrão de jogo e melhorar o time da noite para o dia, ainda mais com o escasso tempo para treinos. Mas precisa mandar a campo um time aguerrido, com 11 jogadores correndo atrás da vitória do primeiro ao último minuto como fez Roberto, mesmo em um momento de adversidade no Canindé.A diretoria se reuniu, nesta quinta-feira, e, nesta sexta-feira, deve anunciar mudanças no elenco. Se existem mesmo jogadores que não querem jogar na Ponte, como disse Carpegiani depois que deixou o Majestoso, então é preciso afastá-los do elenco. Atletas assim contaminam o ambiente e prejudicam a performance do time. Mas é preciso tomar cuidado para não abrir mão de jogadores que vivem um momento ruim, mas ainda podem ajudar o clube no futuro. O planejamento para o Brasileirão teve vários erros desde o início do ano e novas decisões equivocadas só vão piorar as coisas. A Ponte precisa agir, isso está claro. Mas precisa ser coerente e equilibrada.