CARLO CARCANI

A Ponte e Cicinho

Carlo Carcani
22/05/2013 às 22:34.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:53

Não sei se Cicinho vai disputar o Brasileirão pela Ponte Preta. Não sei nem mesmo se ele estará de preto e branco no domingo contra o São Paulo. O fato de os dois clubes terem anunciado o fim das negociações não impede que Cicinho se apresente de vermelho, preto e branco no Morumbi nesta quinta ou sexta-feira. Essas coisas podem mudar rapidamente. Mas o que eu sei é que a Ponte agiu muito bem ao exigir um valor que considera justo por seu ótimo lateral-direito.

É muito comum no futebol um clube justificar a venda de uma peça importante com a velha desculpa de que “o jogador não quer ficar”.

Em alguns raros casos, essa situação até se justifica. Mas na maioria das vezes, não existe nenhum motivo que faça da venda uma decisão obrigatória.

Se um clube atrasa o salário, o atleta tem o direito de entrar na Justiça para cobrar o que lhe é de direito. Geralmente ainda pede indenização milionária, muitas vezes superior ao valor devido. Mas tudo bem. Se o clube assume compromissos de forma irresponsável e não cumpre suas obrigações, nada mais justo que seja punido por isso.

Mas quando o clube cumpre suas obrigações, valoriza o atleta, lhe dá um aumento para mantê-lo por mais tempo e paga tudo direitinho, aí o cidadão se vê no direito de ir embora na hora que bem entender para ganhar mais em outro lugar.

Pode ir, desde que o clube que o descobriu, o mostrou para o mercado e com o qual ainda tem contrato seja ressarcido pela quebra do acordo.

Imagino que Cicinho esteja muito interessado em jogar no São Paulo. Natural que esteja. Mas a Ponte tem que defender os seus interesses e negociá-lo apenas se considerar vantajosa a proposta do Tricolor ou de qualquer outro interessado. Não faz sentido ceder um jogador de qualidade pelo preço de um jogador comum.

Se a desejada mudança para um clube grande não sair agora, cabe a Cicinho fazer o óbvio: continuar sendo o atleta dedicado que sempre foi desde que chegou ao Majestoso e fazer um belo Brasileiro pela Macaca. Assim, no final do ano ou talvez até antes disso, alguém fará uma proposta melhor, que atenda não apenas aos anseios dele, mas também aos do clube que percebeu seu potencial quando era atleta do Brasiliense e que lhe deu a oportunidade de se transformar em um atleta importante no cenário nacional.

Contratos precisam ser respeitados por todas as partes, caso contrário deixam de fazer sentido. A Ponte conduziu a negociação de forma correta e se o São Paulo desistiu, a vida segue. Para a Ponte, segue com um elenco reforçado pela qualidade de um jogador como Cicinho.

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