A guerra convencional dos sexos tem se reciclado ao longo do tempo, ora em movimentos localizados, até se circunscrevendo dentro de uma família, outras vezes se ampliando por todo um país ou uma multidão religiosa.
À medida que o mundo se caracteriza indubitavelmente como aldeia global, permitindo comunicação imediata com som e imagem qualificados, e a internet supera qualquer resistência política ou barreira tecnológica, os grupos radicais vão perdendo espaço e tempo.
Ranços machistas e patriarcais ainda se farão presentes em certas culturas mais tradicionais, porém a equivalência de gêneros vai se consolidando na maioria das populações e nações.
No universo brasileiro, ainda espocam episódios de agressão à mulher, algumas estatísticas seguem mostrando que há homens que têm salário melhor que mulheres nas mesmas funções profissionais, certas discriminações irônicas insistem em se manter.
A nossa vida sexual e afetiva também se transformaram bastante. Mulheres participam mais despreocupadamente do sexo casual, algumas portam preservativos em suas bolsas.
A moralidade judaico-cristã é estruturalmente impregnada de poder patriarcal e machismo. Ela transformou os genitais em peças proibidas, concentradas de pecados, que só poderiam servir ao homem e deveriam manter a mulher polarizada. Entre a santa, repleta de pudores, e a prostituta, devassa e imoral, o homem circulava, fecundando a mãe dos seus filhos sem erotismo e reservando o prazer para a outra. Isso sobrecarregava a sociedade de culpa sexual, de modo que o prazer ficava ainda mais caracterizado como pecado.
Em outras sociedades, como as de compromisso islâmico, as mulheres seguem cobrindo não apenas os genitais, mas o corpo todo. Nos países árabes de forte emergência econômica, tais como Qatar e Emirados, o vigor financeiro que constrói edifícios de arquitetura desafiadora convive com o clima desértico, assim como as burcas das autóctones contrastam com as roupas leves das turistas.
Com o corpo coberto ou exposto, mesmo com a autonomia e a independência conseguidas nas últimas décadas, a mulher ainda sofre as pressões sexistas do mundo falocentrado.
Hoje, no lado ocidental, já se entende que a mulher pode se erotizar sem perder o valor moral. Ela não é associada à devassidão e ao meretrício quando se excita e desfruta do sexo. Mas a revolução sexual tem que ser readaptada, escapando da raiz moralista para não sustentar a liberação da mulher com valores machistas.
Em outras palavras, é necessário que homens e mulheres estejam aliados para fazer uma guerra comum: contra os valores moralistas e antiquados, uma revolução de costumes afetivos e eróticos, com base na capacidade espiritual da mulher mas sem condenar as variantes masculinas.
Mulheres e homens, seja qual for a orientação sexual de seus desejos, lutando pelo amor e o prazer responsável. Esse é o caminho para que se ame melhor e se desfrute de maior satisfação, cada vez mais longe do moralismo, da prostituição e do sexismo.
Há que se promover e desenvolver uma nova onda transformadora, a Revolução Sentimental. Uma verdadeira ginástica, aplicada e persistente, é necessária. Ela corresponde ao redimensionamento do erotismo a serviço do afeto.
À medida que for evoluindo em sua boa forma amorosa, todo cuidado será pouco, pois os vícios e equívocos podem ser reciclados imperceptivelmente. Teremos que manter o exercício afetuoso e a limpeza erótica para não recuar.
Os seres humanos devemos nos cobrar muito por esse atraso essencial em nosso desenvolvimento: estamos muito carentes de amor e banalizando o sexo.
A competição intergêneros pode até acelerar o processo, à medida que funcione construtiva e ludicamente, como uma fecunda e divertida rivalidade esportiva.
Quero lembrar ao leitor do nosso Grupo de Estudos do Amor (GEA). No site www.blove.med.br, clique GEA. Ou procure em http://www.anggulo.com.br/gea/eventos.asp
Inscreva-se para participar dos eventos que são programados em determinadas segundas-feiras às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi.