CARLO CARCANI

A missão do novo presidente

12/11/2012 às 10:47.
Atualizado em 26/04/2022 às 16:40

O Guarani que revelava grandes jogadores, brigava pelas primeiras posições dos principais campeonatos do País e que chegou a disputar a Libertadores em três oportunidades desapareceu há muitos anos. Em seu lugar, ficou um Guarani sem projeção nacional, que (salvo a honrosa exceção do vice-campeonato Paulista de 2012) só aparece com destaque no noticiário esportivo quando a notícia é ruim: rebaixamento, dívida, ameaça de greve, leilão de patrimônio e agora com o mais novo problema, a queda de presidentes.

Sem rumo, sem crédito e sem a capacidade de captar recursos para sua recuperação, o clube parte agora para mais um processo eleitoral.

Em janeiro, um novo presidente assumirá a responsabilidade de salvar o Guarani do destino triste que lhe reserva essa política de endividamento irresponsável.

O novo presidente, se quiser mudar essa história, terá que atacar com eficiência o problema central de todas as crises. O Guarani nunca irá se livrar de campanhas ruins e de crises políticas enquanto não for capaz de gerenciar sua dívida trabalhista.

É fundamental que a nova diretoria tenha um plano para a dívida. O clube precisa procurar a justiça, unificar os processos e assumir o pagamento mensal de uma quantia bem superior aos R$ 125 mil pagos atualmente, valor que não cobre nem metade dos juros da dívida. Assim, poderá desbloquear contas, assinar contratos de patrocínio, vender atletas e explorar de alguma forma a área do Brinco, sem ter que usar manobras ilícitas para sobreviver.

O caso Bruno Mendes, por exemplo, ainda pode dar muita dor de cabeça ao clube. O motivo é o de sempre: para que a venda fosse concretizada, o Guarani ignorou uma determinação da justiça. Isso tem um preço e o clube terá de pagá-lo. Muitos clubes grandes mal administrados também possuem dívidas absurdas, mas contam com grande capacidade de arrecadação. O Guarani não. É por isso que o próximo presidente terá que, além da dívida, dedicar especial atenção ao futebol. Para arrecadar mais, o time precisa chegar à divisão de elite.

E isso não será possível se a questão da dívida não for tratada com a seriedade que merece. O Guarani precisa de um presidente que seja capaz de delegar tarefas e exigir resultados em áreas vitais, como a financeira e de marketing. Precisa de um presidente que tenha ambição para formar um time competitivo e que escolha pessoas competentes para o departamento de futebol.

Se a nova diretoria ignorar a dívida e continuar tentando driblar a justiça, o Guarani não sairá da situação atual. E o risco de perda total do patrimônio crescerá a cada dia.

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