A expressão “melhor geração da história” tem sido muito utilizada no futebol. James Rodriguez, Cuadrado, Falcao e Ospina fazem parte da melhor geração da história da Colômbia. Bravo, Vidal e Sanchez são destaques da melhor geração da história do futebol chileno. A Venezuela também deve ter uma geração bárbara no momento. Afinal, na Copa América de 1975, ela marcou um gol e sofreu... 26. Na de 1979, marcou um gol novamente e sofreu apenas 12. Quatro anos depois, o desempenho foi parecido: um gol pró e 10 contra. Era o que costumávamos chamar de “saco de pancadas”, num tempo em que ainda existiam bobos no futebol. Neste domingo, essa mesma Venezuela entra em campo para enfrentar o Brasil num jogo que vale vaga nas quartas de final. Para manter a média, pode ser que se despeça do Chile com apenas um gol. Mas não dá para cravar que isso vai acontecer, como em outros tempos. A Venezuela, portanto, também deve ter a melhor geração de sua história. E o que podemos dizer do Brasil? Há um ano, a Seleção sofreu a maior e mais humilhante derrota de sua história centenária. Apanhou de 7 a 1 na semifinal de uma Copa do Mundo disputada em casa. Mas, por outro lado, essa mesma equipe ficou em 4º lugar no Mundial, no melhor desempenho desde a conquista do penta, em 2002. O problema é que isso significa pouco ou quase nada para a única seleção que disputou todas as Copas. A única pentacampeã. Por mais que os vizinhos estejam em processo de evolução, é inadmissível que o Brasil esteja preocupado com a ausência de Neymar no jogo deste domingo. A Seleção Brasileira tem jogadores do Barcelona, do PSG, do Chelsea, do Liverpool, do Manchester City, do Atlético de Madrid... E a, vá lá, melhor geração da Venezuela tem jogadores do Caracas, do Mineros de Guayana, do Deportivo Anzoátegui, do Academia Emeritense, do La Guaira e do Zamora. É essa seleção que chega à terceira rodada da Copa América com a mesma pontuação do Brasil. E com alguma chance de aprontar uma surpresa, já que Neymar não estará em campo. É fato que hoje o futebol brasileiro tem apenas um jogador genial. Isso, por si só, já é preocupante. Há pouco tempo, grandes craques ficavam fora de competições importantes porque havia três ou quatro craques para cada posição. Hoje estamos longe disso. E precisamos descobrir se essa geração realmente é pobre em talento ou se a virtude em falta é o comprometimento de jogadores milionários com a camisa amarela.