Semana passada, o mafioso russo Boris Berezowski foi encontrado morto na banheira da sua casa, na Inglaterra. O que isso tem a ver com uma coluna sobre futebol? — perguntará um leitor que não torce para o Corinthians. Bem, trata-se do dono da MSI que veio ao Brasil, anos atrás, para investir no futebol e encontrou terreno fértil em terras corintianas. Seu principal capataz e uma espécie de eminência parda que ele infiltrou no clube era um jovem executivo que logo se revelou um experiente malandro: Kia Joorabchian.
Boris Berezowski já era internacionalmente conhecido como um dos principais mafiosos russos do futebol europeu quando, em 2006, se hospedou em um luxuoso hotel paulistano e dele teve de sair às pressas pois foi avisado que a Interpol estava chegando para prendê-lo. Naquela noite, quem agiu como se assessor de imprensa fosse do mafioso foi o deputado petista Vicente Cândido que, na ocasião, disse à imprensa que o procurado estava no Brasil legalmente e que aqui viera para negociar a compra da Varig, um negócio que ele, Vicente Cândido, apoiava como parlamentar.
Em 2007, o mafioso Boris esteve em Londres com Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, ambos na cidade londrina para acompanhar um amistoso entre Brasil e Portugal. O que dois altos dirigentes do futebol brasileiro tinham para conversar com um foragido do governo russo é um desses absurdos éticos que só o ex-presidente Lula foi capaz de protagonizar ao passar a mão nas cabeças de companheiros envolvidos em corrupção, peculato e formação de quadrilha.
Atualmente, o deputado Vicente Cândido é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e sócio de Marco Polo Del Nero. Foi dele a relatoria da Lei Geral da Copa que acabou, dentre outras coisas, com a exigência de licitação para obras ligadas à realização da Copa de 2014. É a lei do vale-tudo; menos a lei.
O raro leitor ainda não viu nada. No início deste mês, o delegado-deputado Protógenes Queiroz — que anos atrás chefiou investigações contra Kia Joorabchian, que terminaram infrutíferas — lançou um livro nas dependências da Federação Paulista de Futebol e isso não seria nada importante se o presidente Marco Polo Del Nero não tivesse sido advogado de Kia Joorabchian, justamente o alvo das investigações federais do então delegado Protógenes.
O burocrático e triste futebol que os honestos torcedores vêm assistindo e pagando para isso é reflexo das ações nada éticas que permeiam os bastidores da cartolagem nacional. E paro por aqui porque o espaço é curto e a sujeira é por demais longa e repetitiva.