Velho como o mundo, na expressão de Emile Boivin , teve o Jornalismo como primeiro repórter o grande Homero , a quem se deve o relato pormenorizado do combate de Aquiles e Heitor. Esta complexa arte de comunicar e sensibilizar dispõe hoje de elementos ricos e diversificados , mas exige , antes de tudo o talento do repórter , o virtuosismo do homem de imprensa , só ele capaz de captar o fato , interpretá-lo e dosá-lo , apresentando-o com fluidez e sensibilidade . Antes de tudo com simplicidade, sem pedantismo nem eruditismo .Já é tempo de atribuir ao Jornalismo condição estética , diz Celso Kelly , pelo que ele tem de criativo e comunicativo , de integração social , de emoção criativa , de valorização do cotidiano, de mensagem para o futuro , de perenidade . Não basta registrar o fato em si , e transmiti-lo . O essencial é a valorização do vulgar , o espírito de comunicação , o destemor, a perseverança.O processo jornalístico não difere dos demais processos de criação artística. Tal como o pintor ou o escultor , também o repórter capta o fato , e o comunica ao público imprimindo-lhe sua marca pessoal . Na criação artística plástica como na criação jornalística dois efeitos devem ser alcançadas: emoção e sugestão.Um homem de letras , na sua acepção clássica pode não se ajustar ao jornalismo. O jornalista pode ser demasiado enxuto para o romance, a novela , o conto. Para Raul de Lima , o grande jornalista é aquele que escreve depressa em face do acontecimento do dia , que escreve com precisão e usando o menor número de palavras para levar uma informação exata ao leitor . Para que desempenhe suas funções, as notícias devem ser exatas , atraentes e sugestivas .Além da arte da palavra há a arte gráfica , que se inicia na paginação , desdobra-se na escolha dos tipos, aviva-se nas ilustrações , que hoje ganharam colorido . Uma reportagem sem ilustrações é como uma jovem que vai ao baile sem um enfeite , sem uma joia.O que tortura no jornalismo é a transitoriedade . Ligada ao tempo que flui, a notícia perde sua atualidade em horas. A novidade de ontem já não seduz , exceto ao memorialista . Jornalismo é Agora , Hoje e também Amanhã.O jornal facilita as relações da humanidade, suprime as barreiras do tempo e do espaço , tende a estabelecer um nível mais elevado de justiça . Se a imprensa tem seus defeitos , também possui suas virtudes. Ela tem por dever defender a justiça , a liberdade, a honra , os direitos inalienáveis do homem . É a testemunha vigilante que narra, todas as manhãs aos cidadãos os atos e os fatos dos homens desde o mais simples até os chefes de Estado.Tudo isso e muito mais ainda gostaria de dizer à moçada que seduzida pela mania do Jornalismo pensa em seguir a profissão e tornar-se repórter, garantir certas regalias.Vocês me perguntam se vale a pena ser jornalista. Claro que vale .É como aqueles amores nascidos na adolescência , e que vencem todos os tropeços da vida. Tornam-se uma paixão sem remédio , eterna e forte. Maravilhosamente forte.