JOGO RÁPIDO

A magia do Dérbi

Coluna publicada na edição de 11/8/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
11/08/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 18:22

O capítulo 194 de uma história que começou em março de 1912 será escrito hoje, no Moisés Lucarelli. Não há registro do resultado do primeiro encontro, realizado há 107 anos. Desde então Ponte Preta e Guarani já viveram fases diversas, mescladas por crises intensas e momentos de glória. Por coincidência, ambos atingiram o auge na mesma época e transformaram Campinas na capital do futebol. É algo bem difícil de se imaginar, principalmente para os mais novos, mas os dois já reuniram simultaneamente em seus elencos vários jogadores da Seleção Brasileira. Hoje o cenário é completamente diferente. Quase toda a Seleção joga na Europa. E os craques que atuam por aqui se concentram nos grandes clubes, com orçamentos milionários. Bugre e Macaca possuem elencos modestos e ainda assim sofrem para manter os salários em dia. O futebol campineiro não tem mais craques de Copa do Mundo e seus clubes disputam no momento a Série B. Ainda assim, o Dérbi não perdeu sua magia. Muito pelo contrário. É a intensidade dessa rivalidade que mantém os dois com a mesma ambição de reviver os dias de glória, por mais improvável que isso possa parecer. E uma característica desse importante clássico do futebol brasileiro é o equilíbrio. Depois de 107 anos de fases tão distintas, ambos estão separados por apenas três vitórias e três gols. O Guarani venceu 66 partidas (a última delas em 2012). Desde então, se encontraram mais quatro vezes. Com três vitórias, a Ponte subiu para 63 e colou no rival. O número de empates (também 63) só confirma o equilíbrio incomum. O retrospecto está muito próximo de 33% para cada resultado possível. A vantagem verde nos gols também vem caindo nos últimos anos: 261 a 258. A diferença é de três, exatamente a marca que a Macaca alcançou em suas últimas vitórias (3 a 1 em 2013, 3 a 2 em 2018 e 3 a 0 em março). Minha expectativa é de um jogo com poucos gols hoje, mas atuando em casa com torcida única, a Ponte pode se aproximar também nesse quesito. Ao Guarani, cabe a missão de reagir para conter essa rápida aproximação. No primeiro Dérbi de 2018, era favorito e perdeu. No segundo, conseguiu um bom empate sem gols no Majestoso. E no Paulistão desse ano, sob o desorganizado comando de Osmar Loss, foi nocauteado sem oferecer resistência. Aquela goleada marcou a estreia de Jorginho no Dérbi e hoje ele busca a segunda vitória seguida. O último treinador a vencer dois clássicos seguidos foi Gilson Kleina. O estreante Roberto Fonseca tenta impedir que Jorginho repita o feito que não ocorre desde 2011. Vamos saborear o Dérbi 194 e ver qual será sua influência em um retrospecto tão equilibrado.

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