Para chegar a ter o melhor futebol da Europa, representada por dois times finalistas da Liga dos Campeões, a Alemanha precisou sentar no banquinho do castigo e pensar nos erros que culminaram na eliminação, ainda na primeira fase, da Eurocopa de 2000. E a conclusão foi que era preciso renovar a seleção, mas, para isso, era necessário mudar também o jeito como se pensava o futebol local.
Desde então, houve um acerto que partiu de cima, da Federação Alemã, em parceria com a liga que comanda o campeonato — sim, são duas entidades separadas! —, para que os clubes investissem na base, sob a pena de não estarem aptos a disputar o campeonato nacional. Mais que garantir o investimento dentro do próprio clube, foi criado um programa governamental nas escolas alemãs para identificar crianças com habilidade e sem oportunidade de pensar em uma carreira no futebol.
O exemplo, fácil de seguir — desde que haja vontade —, nem é algo tão inovador assim. O Barcelona, apesar da eliminação humilhante nas semifinais da Liga, colheu ótimos frutos por anos e anos, por causa de seu trabalho na base. Afinal, os principais nomes da equipe que encantou o mundo, como Xavi, Iniesta e Messi, cresceram jogando bola juntos, como bons amigos da vizinhança de um bairro qualquer.
Ainda sobre o caso da ascensão alemã, houve um importante ponto a se considerar: a Copa do Mundo de 2006. Sem falcatruas nas construções ou reformas dos estádios, os clubes enxergaram a possibilidade de evoluir no mundo do futebol investindo também no que eles tinham de mais valioso: os torcedores. Atrair o público para os estádios é um desafio para qualquer dirigente e o primeiro passo para isso é dar conforto para quem paga por um espetáculo. Hoje, a Bundesliga tem a maior média de público da Europa. Consequentemente, uma das maiores arrecadações também.
Sobre os finalistas da Liga, só podemos aplaudir. O Borussia Dortmund, afundado em dívidas de 170 milhões de euros em 2005, teve de vender seu estádio para dar conta de pagar o cheque especial. Tanto conseguiu que o comprou de volta pouco tempo depois, sempre apostando na receita de revelar jogadores e vender, como o caso de Gotze, já comprado pelo adversário da decisão em Londres, no próximo dia 25, o Bayern de Munique. O time bávaro é outro clube a apostar em garotos para pagar mais barato e ganhar com a valorização, evitando, assim, entrar em dívidas com contratações milionárias.
Os exemplos de como gerenciar os clubes estão por aí. Só faltam os dirigentes brasileiros saírem da soberba e aprender com eles.