Vi a corrida de Fórmula Um, domingo passado, de cabo a rabo. O que significa, no pacote, passar pelo messianismo verde-amarelo do pastor Galvão Bueno, talvez o mais hilário nacionalista da narração esportiva do país. E testemunhei, é claro, Felipe Massa saindo em nono na largada e chegando em terceiro lugar. Se entendi direito (e confesso que não entendo nada de velocidade automotiva), ele foi punido em três posições e, mesmo assim, conseguiu chegar em terceiro. Ou seja, tivesse saído em sexto e teria mamado o espumante. Mas não há lógica fora da filosofia e das exatas ciências; caso houvesse e o mundo seria por demais monótono, acho eu.
E nenhum cuidado necessita os torcedores do Vitória (que goleou o Bahia por 7 a 3) para cantarem axés em honra ao décimo oitavo título estadual a ser conquistado, no jogo de volta, onde poderão até perder, no próximo domingo, por uma diferença de até quatro gols. O Bahia, dono de 44 títulos, vai jogar com o mesmo time que foi goleado na partida de ida e aí quem vai perder o emprego é a Comissão Espiritual do Bahia, pois lá na terra de Caymmi, nem mesmo os deuses do futebol apitam.
Aí alguém poderá dizer que o Coritiba de 37 títulos conquistados, 15 a mais que o Atlético, honrou a lógica no Couto Pereira. Mas em respeito ao raro leitor devo dizer que de futebol no Paraná entendo tanto quanto o jogado no Amazonas. Isto é: nada.
Daí dizer que ainda é cedo para os corintianos comemorarem um novo título paulista contra o Santos. Segundo alguns comentaristas, se o Tite tivesse enfiado uma goleada no time do Muricy, aí a fatura estaria liquidada. Ora, se o placar de 2 a 1 fosse invertido, o que a turma do muro esportivo diria, hein?
Pois é: não há lógica no futebol e é bom que assim continue. Vejamos, por último, o que aconteceu sábado passado, no Estádio de Wembley, Londres: o biliardário Manchester City entrou como franco favorito para faturar mais uma taça da Copa da Inglaterra (a mais velha disputa do país, da qual participa cerca de trocentos times federados) e perdeu por um a zero para o Wigan Atlhetic, que fez o gol do título aos 46 minutos do segundo tempo. Um título inédito, algo assim como o Ibis ganhar o Brasileirão.
Pensando bem, deu a lógica. Àquela, fantástica, que os deuses do futebol tanto gostam e nós, torcedores, amamos de paixão.