Nos últimos sete anos, o São Paulo foi campeão brasileiro três vezes, no espetacular tricampeonato de 2006, 2007 e 2008, todos conquistados sob o comando de Muricy Ramalho. Como o treinador "só" ganhava a Série A, a diretoria resolveu demiti-lo após a eliminação na Libertadores de 2009. Não faz o menor sentido demitir um treinador que ganhou as últimas três edições do campeonato nacional, principalmente quando se trata de uma competição que, todos os anos, começa com vários favoritos. Vários, no caso, não são três ou quatro. Falamos de sete ou oito candidatos ao título.Demitir Muricy foi o primeiro dos muitos erros que o São Paulo cometeu nos últimos anos. Desde a saída do tricampeão, o clube ainda não conseguiu ter um treinador capaz de desenvolver um longo e vitorioso trabalho no Morumbi. De 2009 a 2012, o Tricolor ficou em 3º, 8º, 6º e 4º no Brasileiro. Com exceção de 2010, foram campanhas boas ou ao menos aceitáveis. Em 2013, porém, a situação é bem diferente. O campeonato mal começou e o São Paulo já tem sete derrotas, duas a mais do que sofreu nas 38 rodadas de 2008. É um número alarmante.O São Paulo vive duas crises simultâneas. Uma é administrativa, com um presidente que se considera o melhor cartola do universo. Sem rumo, está preocupadíssimo com a possibilidade de perder a eleição para Marco Aurélio Cunha.A outra é técnica. Luis Fabiano está longe de ser fabuloso, Ganso não vale um terço do que o Juvenal pagou ao Santos e sua falta de competitividade impressiona. O clima no vestiário é péssimo, as últimas contratações foram ruins e até o mito Rogério Ceni vive uma fase terrível. Sua cobrança de pênalti contra a Portuguesa foi desastrosa e contribuiu para a derrota diante de um adversário que não vencia há sete rodadas.É difícil imaginar o São Paulo fazendo contas nas rodadas finais. É uma situação que não faz parte de sua história, o que não significa que o primeiro rebaixamento seja um pesadelo impossível.O São Paulo tem potencial para sair de onde está, mas para isso terá que evoluir muito. Seus concorrentes não são apenas os clubes médios com orçamentos muito inferiores ao seu. Tem muito peixe grande perto da zona de rebaixamento, casos, no momento, de Atlético Mineiro, Santos e Fluminense.A crise política não deve ter solução até a eleição, já que Juvenal Juvêncio simplesmente não a reconhece. No campo, porém, o time tem que evoluir muito e rapidamente.O time está sem confiança e isso fica evidente em lances bisonhos e entrevistas inseguras. Autuori, o comandante, e Ceni, o líder em campo, precisam mudar esse cenário rapidamente. O elenco não pode temer a inesperada batalha contra o rebaixamento. Se continuar assim, não terá forças para vencê-la.