Em um episódio de Os Simpsons, Bart e seu amigo Milhouse estão em Toronto, sem o que fazer. Resolvem então jogar na seleção de basquete do Canadá, numa clara ironia à fragilidade dos canadenses em um esporte dominado pelos americanos. A piada faz todo sentido, afinal o Canadá ficou em 22º lugar no último Mundial, realizado na Turquia. Embora tenha perdido todos os seus cincos jogos, conseguiu figurar à frente de Jordânia e Tunísia na classificação final.Pois essa seleção de pouca tradição bateu o Brasil com extrema facilidade na Copa América: 91 x 62. Seria até um feito expressivo para os canadenses se a campanha brasileira não tivesse sido tão ridícula, com quatro derrotas em quatro partidas, a última delas contra a Jamaica, país cuja tradição no atletismo é tão marcante quanto sua insignificância nas quadras. Se o Canadá figura em 26º lugar no ranking da Fiba, a Jamaica sequer aparece na relação de 84 países porque não tem nenhum ponto. Congo, Libéria e Togo fecham a lista dos melhores do mundo com 0,6 ponto.O Brasil nunca deixou de disputar um Mundial, competição da qual é bicampeão, é bom lembrar. Em virtude de sua desastrosa performance, pode ficar fora da próxima edição. Dentro de quadra foi incapaz de se classificar, mas ainda pode ser um dos quatro “convidados” pela Fiba para disputar a edição de 2014, na Espanha.O técnico Rubén Magnano isentou os jogadores que estão em Caracas pelo vexame e assumiu a culpa, sem deixar de dividi-la com a turma da NBA. Por motivos diversos, Leandrinho, Varejão, Lucas Bebê, Tiago Splitter e Nenê pediram dispensa da Seleção. Preocupados exclusivamente com a carreira nos Estados Unidos, eles deixam a seleção em último plano. Vestir a camisa amarela só interessa nos grandes eventos. Na hora de roer o osso, que chamem quem está começando e ainda não é milionário.O Brasil teria se classificado com facilidade e não passaria por esse enorme vexame se pelo menos dois dos cinco desertores citados tivessem atendido a convocação de Magnano. Não foi a primeira vez que isso aconteceu.Espero que o Brasil deixe seus ídolos desinteressados descansando mais um pouco no ano que vem, caso venha a ser convidado pela Fiba. A ideia, radical, é defendida com afinco por Oscar, um gênio que recusou inúmeros convites para atuar na NBA porque a legislação da época proibia a convocação de jogadores profissionais. Entre o dinheiro e a fama da NBA e a oportunidade de defender seu país, Oscar ficou com a segunda opção. Decisão muito difícil e admirável, mas não é isso que se exige dos brasileiros hoje. Eles não precisam atender convocações para torneios menores e muito menos abrir mão de suas carreiras na liga mais badalada do planeta. Só deveriam ter um pouquinho de boa vontade nos torneios classificatórios para o Mundial e a Olimpíada.Mas já que não estão a fim de tamanho “sacrifício”, a CBB deveria dar a eles o mesmo tratamento indiferente na hora de escolher os representantes do País nas duas competições mais importantes do basquete.