JOGO RÁPIDO

A incapacidade de premiar o melhor

Coluna publicada na edição de 22/3/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
22/03/2019 às 00:05.
Atualizado em 04/04/2022 às 21:32

Na coluna de ontem escrevi sobre o trabalho que a Fórmula 1 vem desenvolvendo para se tornar ainda mais atraente. A adoção de um ponto extra para o piloto que fizer a volta mais rápida e terminar entre os dez primeiros foi apenas uma das novidades. Observando o regulamento de certos campeonatos estaduais, chego à conclusão de que, se nossos cartolas mandassem na F1, a bonificação seria dada ao piloto com o pior tempo. Parece piada ou exagero, mas não é. A fórmula de disputa do Paulistão adotada há alguns anos pela Federação Paulista permite que um time termine a primeira fase na sexta colocação e ainda assim fique fora das quartas de final. E poderia ter sido pior. Se a Ponte Preta tivesse vencido o Palmeiras na quarta-feira, fecharia a fase na terceira colocação. E seguiria fora. Mas esse não é o único defeito do campeonato. A semifinal terá um time que ficou em 8º (Ituano) ou 9º lugar (São Paulo). Por outro lado, já sabemos que o 1º (Red Bull) ou o 3º (Santos) ficará pelo caminho já na próxima terça-feira. Tem mais. Os quatro que ficaram em primeiro lugar em seus grupos não têm nenhuma vantagem técnica no mata-mata. As vagas serão definidas em duas partidas, sem vantagem do empate. Em caso de igualdade, o classificado será conhecido nas cobranças de pênalti. Isso é injusto e desvaloriza o que foi feito nas 12 primeiras rodadas. O Palmeiras, por exemplo, fez cinco pontos a mais do que o Novorizontino e pode ser eliminado após dois empates. Por fim, chegamos à mãe de todas aberrações, o Troféu do Interior. É ridículo que, ano após ano, a Federação Paulista declare campeão do Interior um time que foi eliminado e ficou atrás de outras equipes. O regulamento desse ano é ainda pior, já que traz para a semifinal do Interior o melhor dos eliminados nas quartas de final do Paulistão. Se os quatro passarem à semi, a Federação terá que inventar o que fazer, já que isso não é previsto em regulamento. Com a enorme diferença de orçamento entre os quatro grandes e os demais, é muito justo que se premie sempre o campeão do Interior. Mas o premiado deve ser o melhor de verdade. É ridículo um regulamento que permite que um eliminado com 10 pontos (Bragantino) tenha chance de ficar com a vaga na Copa do Brasil e que um classificado com 27 (Red Bull) tenha que ser eliminado nas quartas para ter chance de disputar esse valioso prêmio. O Troféu do Interior é uma boa ideia e poderia ser muito interessante, mas os cartolas conseguiram encontrar um formato no qual a competência da melhor equipe a impede de ser campeã.

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