GUTO SILVEIRA

A imagem arranhada

Guto Silveira
igpaulista@rac.com.br
12/03/2013 às 05:03.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:09

Guto Silveira (CEDOC)

Um recurso bem produzido pode ainda livrar a prefeita Dárcy Vera (PSD) e o vice-prefeito Marinho Sampaio (PMDB) da cassação de seus mandatos, como decidiu o juiz Héber Mendes Batista, da 108ª Zona Eleitoral, mas nada será como antes. A imagem dos dois políticos já está arranhada pela decisão de primeira instância. Pior. A imagem da cidade está maculada pela ação na campanha eleitoral de servidores pagos com dinheiro do contribuinte. E a defesa admite que isso aconteceu, ao afirmar que tais funcionários públicos, admitidos por livre nomeação da prefeita, assim agiram porque estavam em férias. Ora, ora. Até onde se sabe, férias são remuneradas. E pagas também com dinheiro público. Se havia remuneração, eles não poderiam estar exercendo a função eleitoral. Senão fica fácil. É só determinar que nomeados, sempre sujeitos aos humores dos superiores, acumulem férias para se afastarem durante o período eleitoral e ir para as esquinas balançar bandeiras, recebendo seus salários como se estivessem prestando um serviço público. É nesse momento que o eleitor/contribuinte fica com cara de idiota. Que paga até cabos eleitorais, numa função desvirtuada. Se você está pensando que a prática é comum, não está errado. Mas sempre é tempo de corrigir erros que se perpetuam ao longo das eleições.

FALHAS

Seja por falta de infraestrutura, seja por falta de vontade, a Justiça Eleitoral falha na fiscalização das eleições. As fraudes acontecem porque “faltam olhos” aos que cuidam dos pleitos. Promotores e juízes ficam, na maioria das vezes, à mercê de denúncias de eleitores. Várias delas ocorreram durante a disputa do ano passado. Mas não se tem conhecimento de alguém relatando a utilização dos servidores na campanha eleitoral.

CULPA DA REELEIÇÃO?

Pode ser que a situação ocorra em parte por culpa da reeleição. Mas não no todo. As distorções ocorrem porque os políticos estão acostumados a pensar que estão acima do bem, do mal e das leis eleitorais. Cabe então ao eleitor até aceitar a reeleição, mas fiscalizar com olhos atentos o que ocorre durante uma campanha. Porque não adianta mais esperar que os políticos mudem e tenham posturas corretas no calor de uma disputa eleitoral.

DESCRÉDITO

“A ação foi protocolada por um candidato derrotado nas eleições. Portanto estou muito tranqüila porque tudo que deveria ser feito foi respeitado diante da questão da Justiça Eleitoral. Então estou com muita tranqüilidade”. A afirmação é da prefeita Dárcy Vera e foi feita no dia 18 de dezembro, logo depois de ser diplomada pela Justiça Eleitoral, demonstrando não acreditar em qualquer condenação. De acordo com a sentença, no entanto, quem moveu a ação contra ela foi o Ministério Público Eleitoral, não um adversário.

COMEMORAÇÃO

Adversários da Administração Municipal no Facebook passaram a tarde de ontem comemorando a sentença que cassou o diploma da prefeita e do vice-prefeito. E olha que eles não são poucos. Estes mesmos senhores aproveitaram cada comentário a notícias de jornais para espetar os acusados de crime eleitoral.

OUTRO TEMA

Enquanto muitos comentavam a sentença nas redes sociais, o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), principal adversário da prefeita Dárcy Vera (PSD) comentava outro assunto, mas não menos desgastante para a Administração Municipal: a possível “privatização camuflada do Daerp”. Segundo ele “nos últimos dias foram várias notícias. Na sexta, os servidores do Daerp fizeram uma greve para denunciar o sucateamento da autarquia e a contratação de terceirizados. Esses, por sua vez, são encaminhados por meio de uma empresa investigada pelo Ministério Público”.

INTERESSES

“Há falta de água em várias regiões da cidade. Juntando as peças dá para perceber que o Daerp já está privatizado há algum tempo. Está servindo a interesses de alguém, enquanto a conta é paga pelo ribeirão-pretano que nem ao menos água na torneira tem”, alfinetou o deputado tucano.

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