Todo administrador carrega consigo a responsabilidade de dar continuidade a projetos desenvolvidos por seu antecessor e, mais do que isso, ter que pavimentar o espaço futuro, sem criar embaraços para que o curso da história continue nos trilhos da normalidade.
Na política, é bastante comum que as disputas partidárias e eleitorais criem antagonismos que colocam obstáculos de relacionamento difíceis de remover. As diferenças pessoais e ideológicas, além da clara oposição que poderá colocar os protagonistas em confronto em embates eleitorais futuros, criam empecilhos para que as transições não sejam tão tranquilas entre governantes e prefeitos.
Campinas vem de um período reconhecidamente traumático na esfera da Administração municipal, com os respingos sobre o Legislativo, de maneira que a recuperação do município é mais que uma legítima aspiração da sociedade, mas a oportunidade de passar a limpo a história, preparar um recomeço e enterrar as possibilidades de ressurgirem as mesmas rusgas que deixaram profundas cicatrizes.
A disposição do prefeito Pedro Serafim de encerrar as últimas semanas de seu mandato com um plano de metas a ser atingido é uma bem-vinda manifestação de que o interesse da cidade está acima de tudo. Mesmo derrotado nas urnas, o pedetista cacifou-se para voos políticos mais ambiciosos, o que não o desqualifica na disputa. Ao superar o interesse pessoal, Serafim anunciou que pretende equacionar a dívida do município, decidir sobre a tarifa de ônibus, fazer um contrato para a coleta de lixo, desfazer o gargalo sobre a aprovação da Macrozona 7 - que envolve o Aeroporto de Viracopos - e uma alteração tributária.
São desafios, como ele mesmo coloca, que sinalizam uma continuidade de governo indispensável. Oportuno, porque Campinas, depois de dois anos de obstáculos políticos, não pode perder tempo para retomar seu ritmo. Muitos municípios entraram em ritmo de transição, ou seja, tudo para à espera dos novos administradores, que por sua vez terão um breve período de adaptação. Para um município como Campinas, as correções de rumo e os ajustes devem ser realizados sem tempo, para que os sempre urgentes assuntos não esmoreçam nos escaninhos da burocracia e dos prazos infindáveis. Campinas não pode esperar mais.