A herança de um turno ruim

O grande problema de fazer um primeiro turno tão ruim quanto o da Ponte Preta é que fica quase impossível se recuperar depois, ainda que o time consiga evoluir, como tem acontecido nas últimas rodadas.Sábado, no Maracanã, a Macaca conquistou um grande resultado. Jogou fechadinha contra o Botafogo, se defendeu bem e aproveitou, ainda no primeiro tempo, a sua melhor chance de gol na partida. O vice-líder tentou reagir, mas foi incapaz de chegar ao gol de empate.No Rio, a Ponte usou uma estratégia correta e foi eficiente nos lances capitais. Três dias depois, no Majestoso, Jorginho armou a equipe muito bem novamente. Com uma postura ofensiva, tomou a iniciativa de atacar o lanterna Náutico desde o início.Saiu na frente, procurou insistentemente o segundo gol e durante boa parte do jogo quase não permitiu que o lanterna se aproximasse de sua área. Foram 80 minutos de domínio indiscutível. O único pecado foi não ter obtido uma vantagem maior, apesar de ter criado várias situações para que isso acontecesse.No final, o Náutico arriscou. Deixou de apenas se defender para tentar o gol de empate. Hugo alcançou o objetivo aos 35’ e imediatamente Jorginho também apostou alto. Trocou o volante Baraka pelo atacante Leonardo.Jorginho foi muito criticado por isso após a partida, mas na minha avaliação a substituição foi correta. Empatar em casa com o Náutico seria um resultado muito ruim para quem está distante do 16º colocado e precisa do maior número possível de vitórias. Em casa e contra o lanterna, ele não poderia se preocupar em “segurar o empate”.O jogo ficou eletrizante porque a Ponte passou a ser ainda mais agressiva e o Náutico encontrou espaços para contra-atacar e também perdeu oportunidades.No último lance, logo depois de jogadas perigosas da Ponte, Hugo chutou colocado, Edson Bastos fez grande defesa e, no rebote, Maikon Leite finalizou de primeira. O chute certeiro deixou a Ponte sem nenhum ponto justamente em uma de suas melhores exibições, se não foi a melhor, no campeonato.É por isso que não se pode fazer um início tão ruim. Quem fica para trás deixa de ter o direito de errar. Precisa ganhar do vice-líder e depois também tem que ganhar do lanterna. Jogar bem não basta, embora seja fundamental para o time manter a esperança de escapar da Série B.Hoje, com um time desfalcado e cansado, Jorginho precisa encontrar uma fórmula para tentar segurar o Galo. Como foi muito mal no início, a Ponte joga agora sob constante pressão.