INTERNET

A grande tacada de Mark Zuckerberg

Compra do WhatsApp pelo Facebook mostra bom faro para negócios

France Press
24/02/2014 às 15:19.
Atualizado em 24/04/2022 às 17:43

O anúncio da compra do aplicativo de mensagem instantânea WhatsApp pelo Facebook demonstra a vontade da rede social de se manter conectada aos jovens e fortalecer seu uso em celulares para conservar sua liderança, afirmam analistas.“Isso mostra a determinação do Facebook em se transformar no próximo Facebook”, disse Benedict Evans, da empresa de capital de risco Andreessen Horowitz.Contudo, a notícia surpreendeu muitos especialistas diante da disposição da empresa de Mark Zuckerberg de desembolsar a elevada soma de US$ 19 bilhões pela compra.Trata-se de um recorde e de “uma verdadeira fortuna para um simples sistema de mensagem”, diz Lionel Kaplan, especialista em redes sociais no Mediatrium, uma agência de marketing e comunicação em Paris.“Contudo, temos que admitir que o WhatsApp é um autêntico êxito e um verdadeiro fenômemo: são 450 milhões de usuários no mundo, a maioria jovens, que veem nele o melhor meio de substituir as velhas mensagens de texto via SMS. A compra indica claramente que o Facebook quer conservar sua liderança, que vacilou nos últimos tempos pelo descontentamento justamente dos adolescentes”, conclui.Greg Sterling, analista da Opus Research, destaca que “o tamanho da transação é realmente impressionante e fará alguns citarem que se trata de uma bolha”. Mas o Facebook se mostrou mais do que disposto a correr o risco, porque os meios sociais estão na moda - e ninguém garante que no próximo ano não aparece um outro aplicativo tão atraente e bem sucedido como ele.Por outro lado, Sterling acredita que o Facebook aceitou pagar essa quantia “em resposta à frustração de não ter podido comprar o Snapchat”, um outro serviço de mensagem instantânea.De todo modo, porém, o fator-chave para o negócio foram mesmo os jovens. O Facebook “realmente necessita de ferramentas para chamar a atenção dos usuários mais jovens e o Instagram (um aplicativo para compartilhar fotos e vídeo já nas mãos da empresa de Zuckerberg) não pode fazer isso sozinho”, aponta SterlingDe fato, após 10 anos de existência, a rede social corre o risco de se transformar no “ancião” do setor e perder sua influência nas gerações mais jovens - que já estão presas aos smartphones.Com a compra do Instagram e do WhatsApp, o Facebook está se transformando em uma espécie de “holding de aplicativos”, opina Sterling. Apesar disso, o aplicativo de mensagens instantâneas manterá seu conselho de administração e funcionará de forma independente dentro da rede social.Segundo os analistas da Deutsche Bank, a operação da empresa de Zuckerberg “reforça sua posição de empresa número um no âmbito de comunicação móvel no mundo graças a seus três estandartes: Facebook, Instagram e, agora, WhatsApp”.Jim Goetz, da empresa Sequoia Capital, considera que o preço da aquisição é justificado porque “o WhatsApp transformou as comunicações pessoais”. E lembra que o sistema de mensagens está muito subestimado nos Estados Unidos, ao contrário do que acontece no resto do mundo.Roger Kay, da Endpoint Technologies, acredita que o WhatsApp se transformou em um dos aplicativos mais populares, o que faz lembrar o Skype - o programa de telefonia online que também conta com milhões de adeptos. Em sua opinião, a operação de compra também tem sentido dado o valor da ação do Facebook, que atinge níveis recorde desde sua difícil entrada na bolsa em 2012.“Quando se tem uma ação assim, que avança a toda velocidade e que produz muito valor, a melhor tática é transformá-la em outro valor, mais concreto”, avalia.Os analistas do Deutsche Bank consideram a operação como “ofensiva” e dizem que o Facebook “continuará sendo astuto em um momento em que foca no setor móvel seu modelo de negócio e sua estratégia”. SAIBA MAISHEWLETT-PACKARD/COMPAQA Hewlett-Packard, maior fabricante de computadores do mundo, comprou, em setembro de 2001, a Compaq Computer por US$ 25 bilhões, com o objetivo de competir com a IBM. GOOGLE/MOTOROLA MOBILITYEm agosto de 2011, o gigante da internet comprou a Motorola - e todas as suas patentes do setor de telefonia móvel - por US$ 12,5 bilhões, na esperança de competir com a Apple. Deu tão errado que, menos de três anos depois, o Google vendeu os telefones e a marca Motorola por apenas US$ 2,91 bilhões à companhia chinesa Lenovo. HEWLETT-PACKARD/AUTONOMYA Hewlett-Packard comprou, em agosto de 2011, o fabricante britânico de softwareAutonomy por US$ 10,24 bilhões. Algum tempo depois, uma investigação foiaberta a pedido da HP, que acusou a Autonomy de ter inflado suas contas antes da operação. MICROSOFT/SKYPE4 Em maio de 2011, a Microsoft comprou o Skype por US$ 8,5 bilhões - a maior aquisição do fabricante de software em sua história.ORACLE/SUN4 A Oracle, uma das maiores companhias de software do mundo, adquiriu em abril de 2009 a Sun Microsystems e sua popularíssima linguagem de programação Java por US$ 7,4 bilhões. MICROSOFT/NOKIAA Microsoft anunciou em setembro de 2013 a compra do segmento de telefones celulares da Nokia, um dos antigos líderes do mercado, por US$ 7,2 bilhões, em uma tentativa de melhorar sua posição no mercado frente à Apple e ao Google. MICROSOFT/AQUANTIVEA Microsoft adquiriu por US$ 6 bilhões a empresa de marketing digital em maio de 2007. Na ocasião, o preço foi considerado muito alto. Cinco anos mais tarde o grupo responsabilizou a aQuantive por uma desvalorização de US$ 6,2 bilhões em sua divisão de serviços online. GOOGLE/NEST LABSEm janeiro de 2014, o Google ofereceu US$ 3,2 bilhões pelo especialista dem termostatos inteligentes Nest Labs, expandindo-se para um novo setor tecnológico.GOOGLE/DOUBLECLICKPor US$ 3,1 bilhões, o Google comprou em março de 2008 a companhia de publicidade on-line DoubleClick, reforçando uma de suas atividades-chaves. GOOGLE/YOUTUBEO mais popular site de vídeos on-line do mundo foi adquirido em outubro de2006 pelo Google por US$ 1,65 bilhão. EBAY/PAYPALO site de compras pela internet eBay comprou por US$ 1,5 bilhão a companhia especializada em pagamentos on-line PayPal, em junho de 2002. YAHOO!/TUMBLRMarissa Mayer, chefe do Yahoo!, decidiu adquirir por US$ 1,1 bilhão o site deblogs Tumbrl, em maio de 2013. FACEBOOK/INSTRAGRAMEm abril de 2012, o Facebook ofereceu US$ 1 bilhão pelo site de compartilhamento de fotos Instagram. Foi a sua maior compra depois do WhatsApp.

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