O presidente do Guarani, Álvaro Negrão, afirmou durante a semana que, se o clube fosse uma empresa, já teria falido. A declaração teve certa repercussão por causa do termo “falido”, mas, sem ser irônico, não há nenhuma novidade aqui. Por diversas vezes, Álvaro e outros dirigentes deram declarações semelhantes, mas com outras palavras.
Para constatar a situação crítica, basta bater os olhos em números como o valor da dívida, as despesas com a folha de pagamento e a quantia que o clube arrecada no momento com cotas de TV, bilheteria e patrocínio. Falidíssimo, sem dúvida.
Imagino que o presidente quis dizer que sem a colaboração de bugrinos abastados ou o aporte financeiro de investidores, o clube seria totalmente inviável.
O problema é que, se nada for feito, vai chegar o dia em o clube vai quebrar mesmo. O número de processos trabalhistas é enorme, o clube não consegue pagar nem metade dos juros das dívidas já executadas e o risco de perda de patrimônio existe. Pode ser, portanto, que o clube venha a falir mesmo.
Álvaro Negrão tem uma responsabilidade enorme. Ele comanda o Guarani Futebol Clube em um momento crucial de sua história. A negociação do patrimônio, se bem executada, pode tirar o clube dessa situação. Bem executada aqui não significa apenas aliviar a questão das dívidas. O desafio da diretoria é fazer um negócio que garanta também uma fonte permanente de recursos. Só assim o Guarani poderá voltar a fazer parte da elite do futebol nacional, sonho do qual se encontra bem distante.
Hoje o clube enfrenta uma série de dificuldades. As dívidas trabalhistas, que atrapalham o gerenciamento, se multiplicam. É preciso interromper esse ciclo e transformar o Guarani em um time viável, que não precise do favor de ninguém, que seja capaz de honrar seus compromissos e que tenha recursos e competência para montar elencos competitivos.
O cenário atual está muito distante disso, a ponto do próprio presidente defini-lo como clube falido. Na minha avaliação, ele apenas quis expressar como a situação é grave. Mas é inegável que o Guarani nunca será competitivo enquanto depender de um jeitinho aqui e outro ali. A solução depende da competência da diretoria em um momento crucial.