CARLO CARCANI

A Fifa proíbe, os árbitros permitem

Carlo Carcani
12/03/2013 às 22:08.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:03

O futebol brasileiro tem um número excessivo de faltas, muitas delas violentas, por que seus árbitros são complacentes. O volante Ferrugem, da Ponte Preta, vai ficar cerca de seis meses sem jogar porque levou um carrinho de Danielzinho, do São Caetano. Aos olhos do árbitro Luiz Vanderlei Martinucho, o infrator mereceu apenas um cartão amarelo por "calçar o adversário", como ele relatou na súmula.

A regra 12 do futebol diz que um jogador deve ser expulso de campo em sete situações. A primeira delas, e certamente não é a primeira por acaso, é descrita da seguinte forma: "for culpado de jogo brusco grave". A Fifa, portanto, faz a sua parte para inibir jogadas violentas. A falha, nesse triste caso de Ferrugem, foi do árbitro. Afinal, se aquele carrinho por trás não for interpretado como "jogo brusco grave", não sei que tipo de falta será violenta o suficiente para que Martinucho tire o cartão vermelho do bolso.

Se a arbitragem nacional seguisse a regra, Ferrugem estaria hoje treinando normalmente com seus companheiros, curtindo a vice-liderança do Paulistão. Mas, infelizmente, o apito complacente não cumpre seu papel de punir o jogo brusco. Na 6ª rodada do Paulistão, o mesmo Danielzinho deu um carrinho violentíssimo em Siloé, no jogo Guarani 3 x 1 São Caetano. O árbitro Marcelo Rogério adotou a mesma linha do colega Martinucho. Deu apenas amarelo para Danielzinho e, na súmula, escreveu que o atacante do Azulão "calçou o adversário". Siloé, a vítima, definiu o lance de outro jeito: "A entrada que o Danielzinho me deu foi incrível. Voou nas minhas pernas e deu uma tesoura".

O leitor que quiser tirar as próprias conclusões pode visitar o site do Correio (planetaesporte.correio.com.br) e ver a entrada maldosa que Danielzinho repetiu no Majestoso. Siloé estava de lado e teve tempo de saltar para evitar uma fratura. Ferrugem, atingido por trás, não teve essa chance.

A diretoria da Ponte está empenhada em fazer justiça e merece elogios por isso. Não se trata de crucificar Danielzinho ou perseguir esse ou aquele árbitro. Uma punição rigorosa é necessária para mostrar a todos que a regra 12 é importante demais para ser ignorada dessa forma por árbitros coniventes e atletas violentos e inconsequentes. Futebol é um jogo de contato, não se discute, mas sua regra não admite o jogo brusco grave. Os árbitros têm a obrigação de cumpri-la.

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