EDITORIAL

A falta de uma polícia motivada

08/04/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 21:24

Quando o gabinete especial de segurança para a região de Campinas estiver reunido, em encontro previsto para esta segunda-feira, vários assuntos estarão na mesa de discussão, todos passando por um único viés possível: a sociedade não pode aceitar mais a omissão do Estado e os discursos oportunistas que tentam maquiar a dura realidade da falta de um sistema policial preventivo e repressivo ideal, com um quadro ajustado à dimensão metropolitana.

A indignação da população tomou forma definitiva e as exigências são mais que urgentes, cobrando uma contrapartida de respeito e a dotação de recursos imprescindíveis para fazer frente à escalada da violência. Hoje, criminosos dão as cartas, escolhem as modalidades de ação onde a repressão é mais vulnerável, e mantêm seus esquemas reforçados pela corrupção, pela inabilidade das forças da lei e pela aura de proteção de um Estado inoperante.

A sensação é a de que poucos são realmente responsabilizados por seus crimes e é evidente a decepção de policiais ao verem nas ruas os bandidos presos dias antes. Neste sentido, uma legislação frouxa, um Judiciário lento e um sistema penitenciário acanhado fazem com que a sociedade conviva com os beneficiários da impunidade.

Ao par de tudo isso, existe ainda uma polícia desmotivada, mal paga, sem estrutura de trabalho, sem atrativos profissionais, sem recompensas e benefícios que lhe possa devolver a satisfação do trabalho. Mesmo no estado mais rico da Nação, os salários estão fora de uma realidade nacional, agravando o êxodo profissional. A Polícia Civil não conta com mais do que o mínimo indispensável para atender às ocorrências, limitando-se a um trabalho de investigação que não se detém em casos menores por absoluta falta de pessoal (Correio Popular, A14 e A15).

As ações esperadas para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) não dependem exclusivamente do aparato policial. É decorrência de uma mobilização da sociedade, da ativação dos recursos locais disponíveis e da urgência ditada pelos alarmantes indicadores de violência. Espera-se que as autoridades se mostrem sensibilizadas, informadas do contexto e das reivindicações, preparando o anúncio de medidas que venham se somar ao esforço já despendido e dando início a um tempo de eficácia na segurança. Nada menos.

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