JOGO RÁPIDO

À espera de um milagre

Coluna publicada na edição de 10/3/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
09/03/2019 às 17:01.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:05

A Ponte Preta entrará em campo neste domingo pela 10ª vez no Campeonato Paulista. A situação é mais difícil do que aquela que Gilson Kleina enfrentou em sua estreia, na 30ª rodada da Série B de 2018. O ex-treinador tinha que ganhar quase todas e ainda torcer por tropeços de adversários. Kleina fez de tudo (ganhou sete partidas e empatou as outras duas), mas ainda assim ficou a um ponto do acesso. O desafio de Jorginho também é complicado. Precisa vencer os três jogos que lhe restam e ainda torcer para que o Red Bull some no máximo um ponto contra o lanterna São Bento, no Majestoso, e o irregular Guarani, no Brinco de Ouro. Levando-se em consideração que o Toro Loko está invicto há oito rodadas, é fácil concluir que as chances da Macaca são remotas. Os números mostram que, pelo segundo ano consecutivo, a Ponte vai disputar o Troféu do Interior, aberração criada e cultivada pela Federação Paulista para “premiar” o “melhor” time do Interior. Ficar fora do mata-mata duas vezes depois de ter disputado a final de 2017 é frustrante. O elenco e a comissão técnica sofrem muitas mudanças de um ano para o outro. Poucos que fracassaram em 2018 ainda estão no Majestoso. Poucos do time atual estarão em 2020. Portanto, quem sofre com uma sequência ruim é a torcida e a diretoria. O papel da primeira é incentivar o time, independentemente da qualidade do futebol que vê em campo. O papel da diretoria é formar o time mais competitivo possível. Um time que seja capaz de deixar o Troféu do Interior para os concorrentes eliminados. O Red Bull deixou a Ponte em uma situação tão difícil porque faz uma campanha de time grande. É o segundo em número de vitórias, tem o terceiro melhor ataque e a terceira melhor defesa. Sua sequência invicta é a maior do campeonato. E esse mesmo Red Bull vem de duas participações ruins no Paulistão, uma sequência idêntica à da Macaca. No final do ano passado, conversei com Thiago Scuro, diretor executivo para a América Latina do Red Bull. Perguntei como estava o trabalho de formação do elenco para o Paulistão de 2019 e ele respondeu que seriam “agressivos no mercado”. Ser agressivo no mercado com o orçamento do Palmeiras é uma moleza. Dá para formar três times fortes e ainda sobra dinheiro. O Red Bull foi agressivo ao montar um time forte com peças que não são excelentes contratações óbvias. Mais do que agressivo, é preciso ser competente para escolher os melhores jogadores disponíveis que se encaixem no orçamento. É um trabalho difícil, que exige profunda e permanente avaliação do mercado. É necessário ser agressivo, ambicioso e competente para não ficar, com tanta frequência, em uma situação como a que Ponte vem vivendo nas últimas competições que disputou. Só fica à espera de um milagre nas rodadas finais quem não fez o melhor trabalho possível antes que a bola começasse a rolar.

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