GAUDÊNCIO TORQUATO

A equação bo+ba+co+ca e o x da questão

Gaudêncio Torquato
26/04/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:45

O jogo de 2014 começa a ser jogado. Os primeiros movimentos sinalizam a intenção,por parte dos eventuais jogadores, de sair da toca, correr o País, formar parcerias, consolidar alianças eleitorais, cada qual oferecendo as linhas mestras de discursos que embalarão o pleito. A presidente Dilma Rousseff, do alto de boa avaliação, exibe otimismo e os feitos do governo em muitas frentes. O senador Aécio Neves, do PSDB, sugere férias ao PT, apostando na polarização entre os dois partidos. O governador Eduardo Campos, do PSB, abre o portão para sair da casa governista.É possível analisar, com tanta antecedência, a viabilidade política dos possíveis contendores e evitar erros de cálculo político? Sim. Quem garante é chileno Carlos Matus, o papa do planejamento estratégico situacional. Tudo depende de saber jogar.Planejar uma estratégia implica administrar um conjunto de variáveis. Mesmo assim, é possível alinhar fatores centrais que terão forte influência no próximo embate presidencial. O cinturão econômico é ciclicamente usado pelos governos para afrouxar ou apertar a barriga do eleitor. O X da questão resume-se na equação BO+BA+CO+CA. Bolso (BO) suprido enche a geladeira, satisfaz a barriga (BA), massageia o coração (CO) e induz a cabeça (CA) dos bem-alimentados a recompensar os patrocinadores do pão sobre a mesa. A recompensa? O voto na urna. O primeiro cenário que cobrirá a contenda de 2014 é, portanto, o da economia.Os eventuais riscos que ameaçam a presidente Dilma se apresentam nas frentes do desemprego e da inflação. É razoável imaginar que a manutenção do assistencialismo, mesmo com baixo crescimento do País, consiga manter a boa avaliação da presidente. O perigo mesmo são o bolso vazio, o desemprego em massa, a alta inflação.A segunda ordem de fatores com peso no tabuleiro situa-se nas frentes dos serviços públicos, que costumam afetar diretamente a população. Inserem-se aí demandas e deficiências nas áreas da saúde, da educação e a insegurança pública. Os serviços públicos no País exibem fortes traços de corrosão, não chegando, porém, a provocar mobilização face ao cobertor protecionista estendido pela administração federal.A terceira vertente a influir no pleito é a da política. Nesse caso, estarão em jogo articulações partidárias visando a ganhos de espaços na mídia eleitoral, criação de novos partidos e reordenação de forças congressuais.Por último, descortina-se o fator novidadeiro. Nele se abrigam perfis identificados com inovação, capazes de sepultar o status quo e sinalizar a abertura de um novo tempo, com discursos impactantes. Nem sempre os “novos”, porém, conciliam identidade e imagem. Esse é o desafio dos novos-velhos. Aos que já começam a ensaiar jogadas arriscadas, aconselha-se distinguir o que pode ser feito do que deve ser feito e, sobretudo, ter a capacidade de formular, decidir e melhorar o que funciona razoavelmente.O conselho final aos protagonistas vem de Carlos Matus: pensar com a cabeça e arremeter com o coração, evitando a síndrome do touro, que faz exatamente o contrário.

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