JOGO RÁPIDO

A dúvida que o futebol não pode ter

Coluna publicada na edição de 26/6/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
25/06/2018 às 20:54.
Atualizado em 28/04/2022 às 13:56

Quase 50% dos pênaltis já marcados na Copa do Mundo foram assinalados com a ajuda do árbitro de vídeo, um sinal indiscutível de que o VAR pode contribuir para que o futebol tenha mais partidas “justas”. O elevado número de penalidades detectadas com o auxílio da tecnologia em apenas 36 partidas da Copa já justifica a adoção do VAR em todas as competições importantes do futebol mundial. Fica muito claro que as ligas que tiverem recursos devem investir no sistema. Ele melhora o jogo e reduz o número de erros. Mas, tão clara como sua eficácia, é a necessidade de se aprimorar o sistema. E isso precisa ser feito rapidamente pela Fifa. Não dá para esperar mais três ou quatro anos de testes antes de introduzir uma mudança indispensável: os treinadores devem ter o direito de solicitar uma ou duas revisões de vídeo por tempo. Dar aos times o direito de acionar o VAR em lances cruciais é a única forma de manter a credibilidade do sistema. Apesar de ser uma notória evolução, o VAR tem sido muito criticado por não ser utilizado em lances importantes. Não há explicação para que o árbitro de campo não tenha revisto ao menos as seguintes jogadas em vídeo: 1) O empurrão de Zuber em Miranda no gol da Suíça contra o Brasil. 2) O lance em que dois jogadores suíços derrubaram o atacante sérvio Mitrovic dentro da grande área. 3) O pênalti cometido por Boateng em Marco Berg na partida entre Alemanha e Suécia. O alemão ainda poderia ser advertido com cartão amarelo ou vermelho. Em todos esses casos não há explicação para a não utilização do VAR. Diante disso, torcedores, imprensa e equipes se perguntam: por que lances tão claros não foram ao menos revisados? Por que o árbitro que está diante das telas não alertou o companheiro que está com o apito? Essas dúvidas não podem existir. Compreendemos que um árbitro às vezes não consiga ver, em campo, o que realmente aconteceu. Mas com o VAR à disposição é inexplicável que lances assim não sejam revistos. “Eu não acho que o problema está no VAR. Foi tudo direcionado pelas pessoas que escolhem os árbitros. Está claro para a Europa e para o resto do mundo que a Sérvia foi brutalmente roubada. Não espero que a Fifa tome alguma atitude em relação a esse roubo brutal, porque, repito, foi tudo direcionado”, disparou o presidente da federação da Sérvia, Slavisa Kokeza, sobre o pênalti escandaloso em Mitrovic. O futebol não pode conviver com essa dúvida. O sistema do VAR é ótimo, mas precisa de uma atualização.

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