JOGO RÁPIDO

A divisão do bolo da TV da Série B

Coluna publicada na edição de 19/4/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
18/04/2018 às 20:37.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:03

A Rede Globo comprou os direitos de transmissão da Série B de 2018 por R$ 170 milhões. Apenas dois dos 20 clubes vão ficar com 36% desse valor. O Coritiba, rebaixado da Série A em 2017, receberá R$ 35 milhões, além de um adicional de pay-per-view. Já o Goiás, que em seu terceiro ano seguido de segunda divisão, ficará com R$ 26.250.000, além do pay-per-view. A vantagem da dupla é enorme, já que os outros 18 times receberão uma cota de apenas R$ 6.030.000. Ponte Preta e Guarani, portanto, vão receber uma cota quase seis vezes menor do que a do Coxa. Em outras palavras, o valor que um clube de Campinas gastar com a folha de pagamento entre abril e setembro pode ser parecido com o que o Coritiba pagará a seu elenco em apenas um mês. O sistema de divisão do bolo é definido a cada ano, em eleição com os clubes participantes de cada temporada. No ano passado, por exemplo, os quatro rebaixados da Série A e o 5º e 6º colocados da Série B de 2016 receberam uma cota maior do que os demais. A menor fatia de todas foi para os quatro que subiram da Série C. Todas essas divisões desapareceram em 2018. Coritiba e Goiás se beneficiam de contratos em vigência com a Globo e entram na competição com enorme vantagem. Os outros 18 recebem fatias idênticas. Eu sei que o futebol brasileiro está longe de ter um modelo definitivo para a divisão de cotas de TV, mas seria importante definir regras e adotá-las para todos, ano após ano. Na temporada passada, quem caiu da A recebeu quase R$ 2,5 milhões a mais de quem subiu da C. Agora, os valores são iguais para os dois extremos. Em 2019, ninguém sabe como será. Tudo vai depender da conveniência do momento. Considero justo que a audiência tenha um peso significativo na divisão das cotas de TV. Afinal, as emissoras pagam milhões exatamente por isso. Mas é importante que critérios técnicos também sejam utilizados. Não é apenas uma questão de justiça premiar os que fizeram um bom trabalho durante toda a temporada anterior. Ao dar cotas maiores para os melhores times, a CBF também garante um ganho de qualidade à competição. Quando todos souberem que ser o 6º colocado valerá bem mais do que ser o 14º (e que isso não vai mudar a cada ano), as partidas serão mais competitivas e atraentes porque os clubes vão trabalhar com interesse até o fim da competição. E com jogos melhores, a audiência aumenta. A TV deveria levar isso em consideração na hora de dividir seu cobiçado bolo.

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