SAÚDE

A distância entre a teoria e a prática

Maioria das pessoas sabe que preservativo é melhor forma de prevenir DSTs, mas poucas utilizam

Nice Bulhões
16/06/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:19

As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), conhecidas como doenças venéreas — em referência a Vênus, considerada a deusa do amor na mitologia grega —, são um dos problemas de saúde pública mais comuns. Como apenas a Aids, a sífilis congênita e a sífilis na gestação são de notificação compulsória, não existem dados exatos sobre as DSTs no Brasil. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram 340 milhões de casos novos de DSTs curáveis por ano no mundo. “Com a precocidade da iniciação sexual, houve um grande aumento das DSTs nos jovens”, alerta a ginecologista e obstetra Maria Luiza Nicoletti Marques.

“Enquanto 96% das pessoas sexualmente ativas, entre 15 e 54 anos, citam o preservativo como principal meio de prevenção contra as DSTs, apenas 25% reconhece o uso em todas as relações sexuais”, afirma Maria Luiza. Na adolescência, segundo a médica, formada e com residência pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é comum o contato com muitos parceiros, e o abandono do preservativo quando as relações atingem um certo grau de estabilidade. “É uma fase de muita vulnerabilidade.” Ela acrescenta que estudos do Ministério da Saúde demonstraram que, quanto menor a escolaridade, maior a taxa de infectados pelo HIV.

“Uma pesquisa com 35 mil meninos de 17 a 20 anos indicou que em 5 anos a prevalência de HIV nesta população passou de 0,09% para 0,12%, sendo prevalência de 0,17% entre meninos com Ensino Fundamental incompleto e 0,10 % com o Fundamental completo”, diz a ginecologista e obstetra. “A faixa etária , segundo o Ministério, em que a Aids é mais incidente em ambos os sexos é de 25 a 49 anos.” Para ela, a diminuição do número de pessoas infectadas pelas DSTs está relacionada, basicamente, a medidas educacionais, distribuição de preservativos, aumento da oferta de testagem e aconselhamento. “É preciso ainda manter os profissionais de saúde com treinamento adequado para acolher esta procura, diagnosticar, aconselhar e tratar adequadamente.”

As DSTs são transmitidas essencialmente pelo contato direto, mantido por meio de relação sexual, onde um dos parceiros necessariamente é portador da doença, ou de forma indireta, o que é menos frequente, por meio de compartilhamento de utensílios pessoais mal higienizados (roupas íntimas), ou manipulação indevida de objetos contaminados (lâminas e seringas). “O principal e mais eficiente modo de se prevenir o contágio de DSTs é o uso do preservativo masculino ou feminino durante toda a relação sexual”, afirma a médica Maria Luiza. “Além dos métodos de barreira, temos a vacina contra hepatite B disponível no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS), e a vacina contra HPV disponível só em clínicas particulares.”

Se não forem diagnosticadas e tratadas corretamente, além do processo infeccioso, essas doenças podem levar à infertilidade, surgimento de outras doenças oportunistas e até a morte. “Fique alerta aos sintomas mais comuns: aparecimento de feridas, manchas ou verrugas nos órgãos genitais, ardência ou dificuldade para urinar e secreção (corrimento), coceira, ardor na vagina pênis ou ânus”, diz a médica Maria Luiza. “O diagnóstico para algumas DSTs se faz de forma clínica: ouvindo as queixas e examinando o indivíduo; para outras doenças, se pode fazer o teste por exames de sangue; e, para o HPV, além do exame clínico, o diagnóstico pode ser feito pela coleta de papanicolau no colo do útero, biópsias das lesões e mais atualmente procurando a carga genética do vírus (captura híbrida).”

Ela alerta que todas as DSTs têm tratamento, que é mais eficiente quando o diagnóstico é precoce, não deve ser feito através da automedicação, que, às vezes, pode mascarar um sintoma ajudando a piorar a doença, que pode ser causada por bactéria, vírus, fungos, parasitas e protozoários.

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