Quando um sistema se mostra comprometido pela falta de estrutura e de financiamento ajustado à realidade, toda mudança desejada acaba sendo projetada para um futuro distante, dada à incapacidade de reverter um quando crítico que se instalou ao longo de anos. A segurança pública no Brasil é, no geral, reflexo da falta de uma política de governo que determine a aplicação de recursos em setor considerado essencial. Em todas as partes, faltam efetivo, armamentos, veículos, estrutura de imóveis, remuneração aos policiais, montando uma equação que não se resolve apenas com boa vontade.
Campinas acendeu a sinalização de alarme com a alta dos índices de criminalidade, que voltaram a trazer inquietação e um clima de violência inaceitável. A mobilização da sociedade fez com que as autoridades de segurança determinassem algumas providências emergenciais, que acabaram sendo tomadas em ritmo de desinteresse inicial, até que se conseguissem alguns avanços importantes.
Mas as estatísticas corroboram o que os campineiros já sentem há tempos. A apuração dos índices de criminalidade no município mostra que, nos primeiros quatro meses do ano, sete dos dez principais índices cresceram, demonstrando que, se as ações foram entendidas como providenciais, os resultados não correspondem à expectativa. Segundo o levantamento, houve crescimento nos casos de latrocínio, furto comum, roubo de veículos, roubo a bancos, estupro, tráfico de drogas e roubo de cargas, esses com aumento de 69% (Correio Popular, 29/5, A10).
É preciso inserir estes números desastrosos em contexto de análise. O primeiro quadrimestre é o ponto de partida que se desejava para o início das ações de segurança, portanto o resultado está contaminado com os dados do início da operação. Ainda assim, não pode soar alvissareira qualquer indicação que não seja o refluxo de uma tendência negativa. Por coerência, é preciso dar tempo para que os efeitos comecem a surgir, mas não se pode aceitar que qualquer indicador seja normal, aceitável. Os problemas devem ser identificados e atacados de pronto, a lei aplicada e a justiça feita. A sociedade não está disposta a abrir mão da cobrança cerrada por maiores recursos e um sistema eficaz de proteção. Tampouco esperar demasiado pela reversão do quadro de violência.