CARLO CARCANI

A diferença entre ousar e se expor

Carlo Carcani
carlo@rac.com.br
06/08/2013 às 15:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:24

Gostei muito da entrevista de Paulo César Carpegiani após o empate entre Ponte Preta e Fluminense, no Majestoso. Das três alterações que efetuou na partida, o treinador foi bastante ousado em duas. Como o time escapou da derrota no final do duelo, o ponto conquistado poderia ser atribuído por alguns ao risco assumido pelo comandante ao trocar um volante e um lateral (Fernando e Régis) por dois meias (Adrianinho e Sarmiento).Na verdade, as alterações não deram certo e o segundo tempo da Macaca foi ruim. O treinador, porém, não usou o placar final para valorizar suas decisões. "O resultado em si foi bom, mas a produção, no contexto geral, não foi boa, principalmente no segundo tempo", avaliou Carpegiani. Foi preciso.Na verdade, a única alteração que surtiu efeito foi a troca convencional de um atacante por outro. Aos 20' do 2º tempo, Everton Santos saiu para a entrada de Alemão. Vinte minutos depois, o reserva fez uma bela jogada que terminou com o gol do artilheiro William.Gol que, curiosamente, contou com a participação de Giovanni, que chegou a deixar o gramado para ser substituído. Bem nesse momento, porém, Carpegiani teve que mudar sua alteração porque Régis se machucou. Sarmiento entrou no jogo assim mesmo e Chiquinho foi improvisado na lateral. O que aparentava ser um problema se transformou em solução porque Giovanni continuou em campo e fez o lançamento para Alemão no lance do gol de empate.Empate precioso porque o campeão brasileiro perdeu um pênalti e controlou bem a partida por cerca de 60 minutos. A Ponte começou muito bem, mas não conseguiu manter o ritmo. Depois de 20 minutos, caiu de produção. As mudanças ousadas foram ineficazes e, ainda assim, o time escapou da derrota.Em um campeonato equilibrado, jogos assim não são raros. A Portuguesa, por exemplo, foi muito superior ao Vitória em Salvador e saiu de campo derrotada.É preciso ter consciência, porém, que nem sempre o goleiro vai pegar o pênalti e nem sempre o time vai achar um gol.Admiro a ousadia de Carpegiani, um técnico que pensa sempre na vitória. Mas o ideal é que ele tenha peças para montar uma Ponte agressiva sem precisar se expor tanto, sem precisar improvisar um meia de criação como segundo homem de meio de campo e muito menos um atacante como lateral.Para se manter na elite e realizar campanhas melhores a cada ano, a Macaca precisa mesmo ter um técnico com apetite de vitórias. Mas precisa, também, ter um elenco com o perfil compatível com a ousadia de seu comandante. Ousar é uma virtude. Se expor em um campeonato tão duro, não.

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