JOGO RÁPIDO

A curiosa estreia de Carlos no Bugre

Coluna publicada na edição de 19/1/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
18/01/2019 às 18:03.
Atualizado em 05/04/2022 às 09:40

A estreia do Guarani no Campeonato Paulista de 1991 também foi contra o Bragantino, no estádio Marcelo Stefani, hoje batizado de Nabi Abi Chedid. Esse jogo ficou na minha memória por dois motivos e ambos envolvem Carlos, um dos melhores goleiros da história do futebol brasileiro. O jogo em Bragança marcou a estreia de Carlos, revelado pela Ponte Preta e um dos seus maiores ídolos, no gol do rival Guarani. Carlos tinha 35 anos, mas depois de passar pelo Brinco de Ouro ainda defendeu o Palmeiras e a Portuguesa antes de encerrar a carreira de atleta. A contratação de Carlos causou impacto e surpresa no Brinco de Ouro. Impacto pela qualidade excepcional do goleiro, que acabara de disputar o Brasileirão pelo Atlético Mineiro, semifinalista da edição de 1991. E também foi uma surpresa porque o Guarani havia conquistado o acesso à Série A (naquele ano o Brasileiro foi realizado antes do estadual) com atuações espetaculares do jovem goleiro Marcos Garça nos duelos eliminatórios contra Botafogo (SP), Noroeste e Coritiba. A outra lembrança dessa partida é bastante curiosa. Pouco antes do início dos estaduais, a CBF foi informada pela Fifa de uma mudança na regra. A partir daquele momento os goleiros não poderiam mais agarrar a bola, colocá-la no chão e voltar a pegá-la com as mãos. O problema é que no início houve uma dificuldade de interpretação da mudança. Chegou-se à conclusão que se o goleiro defendesse um chute com as mãos e a bola caísse novamente a sua frente, ele não poderia agarrá-la na sequência. E no jogo em Bragança aconteceu um lance exatamente assim: um adversário chutou forte, Carlos rebateu com as mãos e a bola ficou pipocando, perto de outros atacantes do Bragantino. O ex-goleiro da Seleção teve que se virar para afastar a bola da área com os pés, antes que alguém aproveitasse o rebote. A partir da rodada seguinte a regra foi esclarecida e está em vigor até hoje. O Bragantino disputou aquele Paulistão com o status de vice-campeão brasileiro (perdeu a final para o São Paulo de Telê, Cafu, Raí e Muller). O Massa Bruta era comandado por Parreira, que contra o Bugre escalou atletas como o zagueiro Nei, o volante Pintado e o meia Vagner Mancini. Apesar de viver uma fase brilhante de sua história, o Bragantino atraiu apenas 2.442 torcedores em sua primeira partida no Paulistão de 1991. Com boa atuação, o estreante Carlos superou a má interpretação da nova regra e garantiu o 0 a 0.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por