JOGO RÁPIDO

A crise e o Morumbi

Coluna publicada na edição de 31/5/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
31/05/2019 às 02:00.
Atualizado em 03/04/2022 às 09:18

Quarto colocado do Brasileiro, a apenas um ponto do vice-líder Atlético Mineiro. Como explicar que um time com essa campanha esteja em uma crise do tamanho da que afeta o São Paulo? Para entender esse paradoxo é preciso olhar para trás. O clube deixou de ser um exemplo de gestão, ao mesmo tempo em que seus rivais se adaptaram mais rapidamente ao fulminante processo de profissionalização pelo qual passou o futebol. Entre 2000 e 2010, o Tricolor ganhou um Mundial (2005), uma Libertadores (2005), três Brasileiros (2006, 2007 e 2008), um Rio-São Paulo (2001) e três estaduais (2000, 2002 e 2005). De 2011 até hoje, o mesmo clube conquistou apenas a Sul-Americana de 2012. E apesar de estar bem posicionado na tabela, é consenso entre torcedores e imprensa que o São Paulo perdeu em Salvador a sua última chance de conquistar um título nesta temporada de 2019. A crise tem dois pontos principais. O primeiro está ligado à incompetência de seus dirigentes. No ano passado, o time virou o primeiro turno na liderança do Brasileirão. No segundo, houve uma ligeira queda de produção. O que fez a diretoria? Demitiu Aguirre, treinador que vinha tirando leite de pedra. Depois disso, outros dois profissionais já comandaram o time antes que Cuca assumisse. E hoje já tem quem defenda sua demissão também. O outro fator que pesa nessa crise é o Morumbi. Até o início do século, todos os grandes clássicos e muitos jogos importantes de rivais eram realizados no estádio. Todos os grandes shows realizados na cidade com a maior população na América eram no Morumbi. E o São Paulo ganhava muito dinheiro com tudo isso. Esse cenário mudou. O Corinthians não paga mais aluguel ao rival. O Palmeiras tem uma arena espetacular e faz muito dinheiro com ela. Suas rendas são muito maiores do que as do São Paulo. E muitos shows migraram para o Allianz Parque. Não é um dinheiro que vai para o Palmeiras, mas é um dinheiro que deixou de ir para o São Paulo. Na época em que seus dirigentes eram os melhores do País, o São Paulo não notou essas transformações. O clube precisa olhar para frente e trabalhar muito para reforçar seu orçamento de modo significativo. Enquanto estiver arrecadando menos que os concorrentes e tomando decisões amadoras, terá que amargar muitas crises como a que explodiu quarta-feira na Arena Fonte Nova, com mais uma derrota para o Bahia. As decisões equivocadas e o discurso desinteressado do ídolo Raí também atrapalham bastante. Como homem forte do futebol, o herói de tantas conquistas dentro de campo se mostra uma enorme decepção fora dele.

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