JOGO RÁPIDO

A Copa, o Rosário e a tecnologia

Coluna publicada na edição de 5/7/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
04/07/2018 às 20:44.
Atualizado em 28/04/2022 às 14:46

O painel de led de mil polegadas instalado no Largo do Rosário é uma das novidades da Copa do Mundo para os campineiros. Milhares de torcedores se reúnem no coração da cidade para assistir aos jogos da Seleção Brasileira na Rússia em um telão de alta definição. Não é a primeira vez que o Largo do Rosário recebe torcedores em anos de Copa. Nas edições anteriores, telões bem menores divertiram torcedores que gostam de acompanhar a Seleção em clima de arquibancada. Mas essa história começou muito antes de Neymar nascer. Na Copa de 1966, um painel foi montado no mesmo Largo do Rosário. No lugar de uma estrutura de quase 6 toneladas, havia apenas um painel com um ponto luminoso, que fazia as vezes da bola. Luciano do Valle, então com 19 anos, controlava o movimento da “bola” pelo campo, enquanto acompanhava a transmissão pelo rádio de Fiori Gigliotti, direto da Inglaterra. Conversei ontem com Raul Celestino Soares, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Guarani. Ele foi “ver” Brasil x Hungria no Largo do Rosário, no dia 15 de julho de 1966. E se lembrou de um detalhe curioso. O Brasil estava no ataque, mas a Hungria encaixou um contra-ataque e marcou um gol. Em virtude do delay, no Largo do Rosário, a “bola” acendeu no gol da Hungria e os campineiros vibraram. Mas logo em seguida a voz de Fiori Gigliotti ecoou pelos alto-falantes espalhados na praça e trouxe a má notícia de que se tratava de mais um gol húngaro. O Brasil perdeu por 3 a 1 e foi eliminado na 1ª fase. Nas duas Copas anteriores, só havia alto-falantes no Largo do Rosário. E Raul também apareceu por lá para acompanhar a ‘novidade’. “Na Copa de 1958, quando acabava a aula na Escola Normal a gente subia para ouvir o 2º tempo no Largo do Rosário. Lembro da semifinal contra a França, quando soltaram rojões nos gols do 1º tempo. Foi uma algazarra da molecada na sala de aula”, conta Raul. Na Copa de 1970, Raul e 90 milhões de brasileiros puderam acompanhar a conquista do tri pela TV, em preto e branco. Foi uma evolução notória, em um curto espaço de tempo. Mas quase irrisória se comparada à fantástica tecnologia da qual milhares de campineiros vão desfrutar amanhã à tarde. É difícil imaginar até onde a qualidade das transmissões poderá evoluir daqui a quatro ou 52 anos. Melhor nem pensar. Por enquanto basta torcer para que o Brasil esteja novamente em campo diante de uma seleção europeia no próximo 15 de julho. E que o desfecho seja diferente do que Raul viu naquela tarde de 1966.

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