Editorial

A complexa gestão do Ouro Verde

Correio Popular
04/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:21

A desassistência na área da Saúde tem sido o calcanhar de Aquiles das últimas Administrações da cidade de Campinas. A falta de médicos e de infraestrutura para atender a crescente demanda populacional deixa os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em longas filas de espera. Os centros de saúde e as unidades hospitalares estão com sua capacidade de atendimento além do limite. Em 2008, a Prefeitura entregou o Complexo Hospitalar Ouro Verde, ainda que sem a total capacidade de operação, para atender a uma das regiões mais populosa da cidade. A gestão da unidade ficou a cargo da Associação Paulista para o Desenvolvimento de Medicina (SPDM), fato que não agradou ao Conselho Municipal de Saúde, defensor de uma gestão municipalizada.

Passados quatro anos, o complexo continua sob a administração da SPDM. Na semana passada, o Conselho deu mais um ultimato – já foram vários – ao governo, para que a gestão do hospital seja efetivamente municipalizada no máximo em seis meses. A Prefeitura queria mais um ano para resolver esse imbróglio.

As sugestões são que a unidade seja gerenciada por uma autarquia ou por meio do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. A princípio, a Secretaria de Saúde não descarta a administração por meio de autarquia, mas alega que a questão do Mário Gatti é mais complexa. Garantiu também que um grupo, envolvendo várias secretarias, está trabalhando para chegar a uma solução e encontrar o modelo adequado.

O fato de a unidade ter nascido com uma doença crônica obriga o uso de remédios eficazes para que funcione em pleno potencial – o hospital tem capacidade para 234 leitos, mas atualmente opera com 199. É importante que a Prefeitura resolva o mais rápido possível essa questão administrativa. A gestão é nova, mas existem muitos estudos antigos sobre o assunto.

Caso o Conselho não renove o contrato com a SPDM ao fim dos próximos seis meses, 1,2 mil funcionários serão demitidos e a numerosa e necessitada população das regiões do Campo Grande e Ouro Verde ficará mais uma vez desassistida. Somente o pronto-socorro da unidade atende 18 mil pessoas por mês. Outros 7 mil procedimentos são realizados no ambulatório. Os números mostram a importância desse complexo. Ele simplesmente não pode ser transformado em um elefante branco da saúde. Muito menos a população deve sofrer as consequências do mau gerenciamento do bem público.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por