A prisão de sete dirigentes da Fifa na Suíça, às vésperas da eleição desta sexta-feira, foi um marco no combate à corrupção no futebol. Muito pressionado pela Uefa, mas com irrestrito apoio das entidades comandadas por dirigentes “Padrão Marin”, Joseph Blatter ainda é favorito à vitória. Sem a ação do FBI nos Alpes Suíços, sua reeleição era dada como certa. Mas o golpe da Justiça contra a roubalheira institucionalizada “Padrão Petrobras” vai provocar mudanças no cenário do futebol mundial.Ainda que permaneça no cargo que ocupa desde 1998, Blatter enfrentará uma série de dificuldades daqui em diante. Além de conviver com o risco permanente de entrar na lista de suspeitos, ele terá que comandar o futebol sem o suporte da turma que está na cadeia ou a caminho dela.Do outro lado, a oposição está mais forte do que nunca, com suporte da imprensa e da opinião pública. Dias difíceis para Blatter estão por vir. Tomara que, com eles, venham dias melhores para o futebol.E no Brasil, quais serão as consequências do escândalo que colocou José Maria Marin atrás das grades?Uma delas é notória. A CBF foi nocauteada e está sem nenhum poder político. O senador Romário não levou nem duas horas para conseguir quase o dobro das assinaturas que precisava para solicitar a abertura da CPI do futebol. Com Marin na cadeia e Del Nero e Ricardo Teixeira na mira do FBI, a CBF não tem força para resistir a nenhum adversário político ou esportivo. Todos os esforços serão concentrados na luta para se livrar das algemas. Nesta quinta-feira, por exemplo, Del Nero se mandou de Zurique, antes mesmo da eleição desta sexta. Fugiu...Não sei se os novos dirigentes vão abandonar a prática de embolsar milhões a cada novo contrato ou se vão dar sequência ao esquema que, revelam as investigações, foi implantado na gestão de Teixeira e mantido por Marin. Mas pela eficiência das investigações do FBI, é de se esperar que os próximos contratos sejam minimamente limpos.Em relação aos clubes, eles têm em mãos uma enorme possibilidade de melhorar o futebol brasileiro. Agora que está claro que a CBF só se preocupava em desviar recursos cobrando propina aqui, ali e acolá, eles teriam todos os motivos do mundo para organizar um liga, como acontece nos países em que o futebol é mais organizado e rico.Mas, para isso, os dirigentes teriam que ter a capacidade de trabalhar em conjunto, colocando os interesses do futebol nacional acima de suas ambições pessoais e clubísticas. Sendo assim, é fácil concluir que nada vai mudar. O futebol brasileiro vai perder uma enorme chance de mudar para melhor.