JOGO RÁPIDO

A CBF não pode fingir que não vê

Coluna publicada na edição de 28/6/17 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
28/06/2017 às 00:00.
Atualizado em 22/04/2022 às 19:05

O Guarani disputou seus dois primeiros jogos na Série B com portões fechados — o que lhe causou prejuízos técnico e financeiro. A sua torcida ainda não pode comparecer aos jogos fora de Campinas, o que só será permitido a partir do dia 15 de julho, contra o América, em Belo Horizonte, já pela 14ª rodada. O clube foi punido por comportamento inadequado ou violento de seus torcedores em jogos da Série C. Embora a decisão penalize partes que não são culpadas (sócios-torcedores pagam por ingressos para todos os jogos, mas não puderam ver dois deles), eu concordo com ela. O ideal seria punir individualmente os baderneiros. Ainda assim, acho necessário que STJD e CBF não fechem os olhos para o problema. O futebol brasileiro precisa de mais público nos estádios e a violência é um fator que afasta uma grande quantidade de torcedores. É importante que esse combate à violência seja permanente e com tolerância zero. Mas não é isso que estamos vendo no caso do jogo Goiás x Vila Nova. Após o apito final, torcedores dos dois times invadiram um setor interditado do Serra Dourada. Brigaram à vontade e proporcionaram abundantes cenas de selvageria e covardia. As imagens de pais desesperados com filhos no colo mostram como essa violência é estúpida e como tem o poder de afastar famílias do futebol. O que se espera da CBF a uma briga como essa é uma reação imediata e rigorosa. Mas, infelizmente, o árbitro Jailson Macedo Freitas sequer relatou o incidente na súmula. Na segunda-feira, 48 horas depois do clássico, ele fez uma retificação. Escreveu que só mais tarde “tomou conhecimento da briga generalizada nas arquibancadas”. Esse foi o trecho mais contundente da retificação. No mais, Jailson relatou aspectos insignificantes como “saliento que, durante a confecção da súmula eletrônica no vestiário, não chegou nenhum comunicado referente à briga de torcedores”. O árbitro só fez a retificação depois de ter sido criticado por não ter relatado detalhes da confusão no documento que serve de base para denúncias e julgamentos do STJD. É lamentável que Jailson não tenha aproveitado ao menos a retificação na súmula para informar a gravidade do problema, o desespero de pais e crianças e a brutalidade do confronto. São atitudes omissas como essa que contribuem para a perpetuação do problema. O STJD vai denunciar o caso e os rivais goianos serão punidos. Mas o tribunal, assim como árbitros e a CBF, não podem fingir que o problema não existe.

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