JOGO RÁPIDO

A CBF e os reservas no Brasileirão

Coluna publicada na edição de 19/8/18 do Correio Popular

Correio Popular
18/08/2018 às 15:46.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:23

Li nos últimos dias que a CBF está preocupada com a frequência com que os grandes clubes escalam reservas em jogos do Brasileirão. A entidade estaria disposta até a mudar o regulamento nas próximas edições, reduzindo o limite de atletas inscritos. Os grandes times estão usando reservas com mais frequência do que nunca porque, além da Libertadores, passaram a valorizar também a Copa do Brasil. O torneio agora paga prêmios altíssimos por cada fase superada e o campeão receberá R$ 50 milhões. É muito dinheiro e todos os que seguem na briga não pensam duas vezes para dar um descanso a seus atletas no Brasileiro. Outro fator que contribui para esse “descaso” com a Série A é que está cada vez mais fácil conseguir uma vaga na Libertadores. Antigamente, só o campeão e o vice tinham esse privilégio. Depois, a honra foi destinada aos integrantes do G4, que com o passar dos anos foi se transformando em G6, G8 e até G9, dependendo das circunstâncias. Como os grandes possuem orçamentos muito maiores do que os demais, fica fácil garantir a classificação. Assim, quem não está diretamente envolvido na briga pelo título consegue levar o Brasileirão sem muito esforço. O Grêmio, por exemplo, disputou três rodadas seguidas com formações alternativas. É compreensível que a CBF se preocupe com isso. Na verdade, é dever se preocupar. Mas não consigo acreditar que seus dirigentes realmente se importem com o problema. Afinal, a CBF nunca tentou ajustar seu calendário para impedir que seus campeonatos tenham rodadas em datas-Fifa. É uma aberração que Flamengo, Cruzeiro e Corinthians tenham desfalques importantes na semifinal da Copa do Brasil (o torneio que paga R$ 50 milhões) porque a Seleção Brasileira vai disputar dois amistosos contra Estados Unidos e El Salvador. Há anos que a própria CBF prejudica seus clubes e diminui o brilho de jogos importantes por causa de partidas — quase sempre amistosas — da Seleção Brasileira. Já que nunca se importou em fazer os ajustes necessários no calendário (e para isso seria necessário mexer nos estaduais), a CBF deveria ao menos ter a sensatez de não convocar jogadores de clubes envolvidos em partidas decisivas. O correto é não marcar nenhum jogo em datas-Fifa, mas pelo andar da carruagem ainda vai demorar muito para que a CBF faça o mínimo que se espera dela nessa questão. Enquanto for assim, é melhor nem reclamar dos clubes que escalam reservas no Brasileirão. Não dá para acreditar que os cartolas realmente estejam preocupados com isso.

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