ZEZA AMARAL

A caravana dos ladrões

Zeza Amaral
21/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:09
Colunista Zeza Amaral (Cedoc/RAC)

Colunista Zeza Amaral (Cedoc/RAC)

Há quem pense que o nosso país é feito apenas de Dilma Rousseff, Lula e PT, de pequenas almas, portanto. São eles tão-somente figurantes de um teatro de marionetes, pobres mamulengos de si mesmos, fantoches de suas vaidades, movidos pelos cordéis de suas pobres vidas políticas, de seus sonhos personalizados, de sobreviverem pelos seus medos existenciais. Pobres almas sem afeto nenhum, de nenhuma segurança aos seus parentes e amigos, de um professor, um garçom que fosse, solidário e sempre chorando nas doses.Aqui não digo nada a respeito deles pois não merecem nenhuma consideração maior, visto que são apenas trapos falsamente ideológicos que se vestem de si mesmos, reis sem coroas, coroinhas sem turíbulos, sem incensos, incrédulos sem hóstia, líderes de seus egos, poetas sem substâncias, e, portanto, inermes em rimas e ideias.Tenho a vida em velhas lembranças de bares, de boas conversas em mesas, do bom violão de mão em mão, do garçom amigo que nos chorava nos ombros e copos naquela velha Adega Florence, naquela tosca cantina de vinhos pesados e severas cachaças a se nos desfazer dignos diante de nós e de nossos companheiros, honestos e simples, trabalhadores e, naquele momento de boemia, diletos apaixonados do bom dizer e viver.O país não precisa - jamais precisou - desses caras que nos enganam - nos enganaram - com palavras de justiça social, de nos fazer entender que éramos e seríamos os pobres contra os ricos, mesmo porque todos nós éramos ricos pelo nosso compromisso de ser feliz, na madrugada, e de estarmos devidamente acordados para cumprir com os nossos deveres de cidadãos, trabalhar com seriedade, honrar nossos compromissos e, sobretudo, voltar ao lar para beijar nossos pais, mulheres e filhos, jantar e com eles assistir aos primeiros capítulos da novela das oito, a lhes dar um momento de guarida, de lhes dar conforto de que voltaríamos no dia seguinte, e sempre trazendo na madrugada o pão quentinho da padaria. Fomos enganados, é claro.Nunca precisei do Lula e Dilma para ser feliz. Fui enganado por eles desde sempre e, desde sempre, eles são infelizes pelo que causaram aos duzentos milhões de brasileiros nos últimos doze anos. Terão que conviver com as suas angústias existenciais, com as suas soberbas naturais, com as suas incompetências políticas, mesmo porque foram eles que quiseram assim, não por nós, não pelos fatos, mas por suas faltas próprias, vurmosas, eles que são os pruridos das úlceras do câncer político que eles bem representam e que falsamente juraram defender com as suas prestidigitadoras mãos inconstitucionais.Sou apenas um cronista provinciano, sem orgulho, sem nada a brilhar, sem nada de mim mesmo e muito menos dessa tão decantada humildade, visto que, como bem disse o Júlio César de Shakeaspeare, isso, a humildade, é apenas a arrogância à espera de aplausos.Sempre digo que viver é subir uma estrada ao contrário. E viver é um perigo a todos os que estão vivos. Políticos petistas e seus aliados desconhecem tal fadário; são eles os donos da eternidade, da absoluta verdade, dos votos de todos que são incapazes de gerir suas próprias vidas; são eles os donos da República do Brasil, os donos dos nossos impostos, de nossas vidas futuras, e, por isso mesmo, sentindo-se dignos de impunidade civil e criminal e a serem honrados como heróis do povo, assim como bradam petistas aos corruptos José Dirceu, Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha quando esses aparecem em seus rega-bofes políticos, sorridentes e com os punhos esquerdos fechados, bradando no ar seus males ideológicos, falsos como uma moeda de dois reais. E tudo isso é nojento - vurmosos que são, repito.O Brasil não é a Dilma, Lula, PT ou qualquer outra coisa que professa o antidemocrático Foro São Paulo. O Brasil somos todos que trabalhamos cinco meses ao ano apenas para pagar nossos impostos. O Brasil é uma panela amassada. Lá em casa tenho duas; e elas sempre estão prontas e resolutas para o que der e vier.O Brasil mora em mim. O Brasil ainda mora lá em casa. E cuidar dele é assim como cuidar de um filho, de um neto, e, é claro, da minha decrepitude. E assim eu cuido do meu país, que dorme na minha casa, que eu alimento com o meu trabalho e o meu pão. O fato é que o Brasil mora em todos os bons lares da Nação. E o lixo da história é a serventia do país, aos idiotas que se acham acima da carne seca. E os cachorros ladram porque bem sabem que há ladrões na caravana que passa. Apenas isso.Bom dia.

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