O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio (ele deve ter algum trauma por conta do nome), não quer que a sua equipe jogue no Majestoso e disse que “futebol não é para virgens”, aludindo ao fato de a Ponte Preta jamais ter ganhado um título de expressão em seus 113 anos de existência. Canalhas, idiotas, aproveitadores ou mesmo os incompetentes também envelhecem. E Juvenal se acha imortal e dono de uma verdade que mais o aproxima de um mamulengo de praça.A Ponte Preta é uma moça que vive no meu imaginário desde os dez anos de idade. Ela é virgem e assim será na minha paixão. Afinal, quem ama não se preocupa com os dotes físicos e morais da pessoa amada. Juvenal Juvêncio nada entende de paixão, de respeito ao que se ama, de nada que revele educação e bons modos no trato com o próximo. Ele fala como se fosse um senhor de engenho, ditando regras e exibindo uma vaidade digna dos poderosos políticos que arrumaram um estádio para o clube que ele ora preside: o São Paulo Futebol Clube — fundado em 1930 e falido em 1935 por dívidas acumuladas.Juvenal Juvêncio fala em virgindade e hipocritamente esquece que uma assembleia realizada em 14 de janeiro de 1935 aprovou uma fusão com o Clube de Regatas Tietê, sugerida por Paulo Machado de Carvalho, que arcou com as dívidas e ficou com o seu então pequeno patrimônio, a Chácara da Floresta. São Paulo e a politicalha de Juvenal se confundem.A Ponte Preta nunca faliu. E jamais deixou de entrar em campo desde que foi fundada em 11 de agosto de 1900. Seu estádio, o Majestoso Moisés Lucarelli, foi erguido pelas próprias mãos de seus torcedores, o único do mundo assim construído, uma pirâmide do mundo moderno. Já o Morumbi foi construído em maracutaias de um ladrão político, Adhemar de Barros (governador de São Paulo na época), cassado até mesmo pela ditadura militar, ora veja, cujo vice-governador, Laudo Natel, ora veja de novo, era então presidente do São Paulo Futebol Clube, que a tudo orientou na construção do Morumbi, imoralmente financiado com o dinheiro do povo paulistano.Juvenal pode trazer o São Paulo para jogar no Majestoso. Afinal, um pouco da história do Majestoso poderia ajudar o seu clube a se lavar moralmente perante a história do futebol mundial. E respeito é bom e todo mundo gosta. E o chato é que o espaço é curto e a “capivara” do São Paulo é longa demais. E aqui faço crônica esportiva e não policial.